O crime que aconteceu na Paraíba vitimando um jornalista é uma mostra de duas questões muito interessantes da nossa política, ambas interligadas, e de expressiva força simbólica.
O jornalista Gilvan Luiz, que faz oposição ao grupo político que detém poder local, foi seqüestrado e torturado em Juazeiro do Norte, Ceará. São acusados do crime dois guardas municipais que trabalham como seguranças do prefeito Manoel Santana. O prefeito é do PT.
O PT metido num assunto como este é de grande peso simbólico, vem como um fechamento do modelo político petista implantado em todo o país. Só podia dar nisso e a tendência é que até piore.
O prefeito suspeito do crime é figura conhecida do Diretório Nacional do PT. Tanto que há poucos dias Dilma Roussef cancelou uma visita à famosa estátua do padre Cícero, localizada em, Juazeiro, só para não ser fotografada ao lado do correligionário. E foi só isso que ela e seu partido fizeram.
Outro dado curioso é o da tal “guarda municipal”. Esta novidade brasileira, quase uma das nossas jabuticabas, tem sido a grande panacéia vendida em comícios como solução para o problema da segurança.
Quando surgiu a idéia lá atrás, há pelo menos vinte anos, cravei o bingo: vai acabar como um corpo de sicários do governo local.
Coloquei a foto da vítima no blog, porque este tipo de imagem mostra bem a gravidade do crime. E o site Miséria, do Ceará, onde peguei a foto, publica várias notícias de crimes que acontecem por lá. Tem a mulher que foi queimada viva no quintal e cujo assassino confesso está solto. As duas moças assassinadas, uma delas amordaçada e queimada viva, a outra com os dedos decepados, crime tido como passional e com o autor intelectual respondendo em liberdade.
Não é nada diferente do que acontece em várias cidades do interior deste país de PIB chinês. E nestas cidades é que estão instalando guardas municipais.
O raciocínio que criou esta excrescência bem brasileira, um tipo de solução que torna ainda pior o problema que a originou, é bem doido. As polícias civil e militar, mais a Federal, todas interligadas com a Interpol e contando com a ajuda do Exército Brasileiro em casos de emergência, não dão conta do problema da segurança. Então vamos criar uma polícia militar.
Dá vontade até de nem comentar nada, mas dessa forma para quê estaríamos aqui? A idéia da polícia municipal é uma variante bem perigosa de outra panacéia, a das Ongs. Querem ver, como é? Bem, a Receita Federal, o TCU, o Ministério Público, a Justiça Estadual e a Federal, mais as câmaras de vereadores, assembléias estaduais e o Congresso Nacional, essas instituições todas e mais algumas não dão conta do problema da corrupção. Então que tal a gente criar uma Ong?
O problema é que a guarda municipal lida diretamente com a integridade física do cidadão. É a institucionalização do drama previsto por Pedro Aleixo na época da edição do AI-5, num 13 de dezembro de 1968, o do poder discricionário na mão do guarda da esquina. E este guarda da esquina de agora tem como chefes o prefeito e seu grupo político.
Ah, mas hoje vivemos numa democracia. Ora, se não fosse a máquina de propaganda do lulo-petismo estaria claro que vivemos num estado próximo ao da emergência na questão da segurança, no qual nem o direito à integridade física merece respeito. E no abismo moral que Lula e seus companheiros jogaram o país, acho bem difícil convencer o guarda do prefeito sobre os nossos direitos.
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POR José Pires
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