No seu Twitter, o candidato José Serra avisa um internauta que está com um site onde tem material de campanha disponibilizado. O Twitter do candidato continua na mesma, sem nenhuma identidade visual, nada que crie uma sintonia com a campanha tucana. Qualquer adolescente incrementa sua página, já a de Serra ainda está com o visual simples que o Twitter fornece na entrada. Bem os marqueteiros dos tucanos devem estar muito ocupados e não podem dar uma guaribada no Twitter dele. E isso também é bobagem, afinal o Serra tem apenas quase 300 mil seguidores.
Em campanha há mais de dois anos e com toda a máquina pública e de sindicatos a seu favor, Dilma tem pouco mais de 100 mil. Seu Twitter desde o início é bem resolvido visualmente. Marina Silva está com pouco mais de 90 mil seguidores e seu Twitter é tão simplesinho quanto o de Serra, mas Marina, coitadinha, talvez tenha dificuldade com esses novos processos tecnológicos... mas nem vou falar da cabocla, que seu pessoal já está me querendo me marinar pra botar no forno, de tão bravos que estão comigo.
Mas, voltando ao material de campanha do tucano, é claro que fui sapear. E cheguei a um site pobre, que parece ter sido feito às pressas. De material, temos lá um logotipo, uma foto e o jingle.
A foto é muito simples, mas pelo menos a cabeça do candidato ficou inteira. Marqueteiro tem a mania de cortar o topo da cabeça de candidato careca. Só pode ser preconceito. Vereador, prefeito, deputado, governador, todo candidato careca recebe este corte na fachada e fica sem a careca. A foto de campanha de Serra não é lá essas coisas, veja ao lado, mas pelo menos salvou-se sua careca. Já é um avanço.
Outro ponto positivo da foto, para não dizerem que só sento o sarrafo, é que não deixaram solto o cara do Photoshop. Photoshopo é um problema. Na foto oficial da candidata do PT, praticamente redesenharam a Dilma. Mas com ela já é um método. Primeiro foi o cirurgião plástico, depois o cara do Photoshop, moço muito bacana: Dilma ficou mais nova que a Norma Benguell na década de 60.
O logotipo é fraco, não se destaca de forma alguma, o que é arriscado em uma eleição em que disputa-se governos estaduais, senado e câmara. Fizeram pro Serra aquele velho logotipo de qualquer eleição de tucano: o azul e amarelo do partido e o nome do candidato em uma fonte tipográfica sem serifa, sem nenhum toque especial em qualquer letra ou no conjunto, resultando em uma marca sem identidade.
Já vimos isso várias vezes. É um logotipo que já foi do Alckmin, tanto em campanha para presidente quanto para governador, também já foi do Serra lá atrás, além de ter servido para milhares de vereadores e outras centenas de prefeitos tucanos pelo país afora. É uma marca fraca e com uma marca fraca o candidato à presidente corre o risco de ser apagado por campanhas mais criativas de deputados ou governadores.
Mesmo quem é um Obama precisa de um bom suporte de comunicação, uma identidade visual que marque profundamente o sentido político da campanha. E quem não é Obama precisa disso ainda mais.
Na marca de campanha, debaixo do nome do candidato, está a identificação "Vice: Índio", assim mesmo, sem o sobrenome do deputado. Nem vou falar da incompetência profissional de quem cria esses logotipos nos quais o nome do vice some quando ele é aplicado na internet, o que acontece com o de Serra. Até porque esse "Índio" aplicado isoladamente é um erro pior. Bem, eu aplicaria o nome inteiro — "Índio da Costa" — e toca pra frente. O nome deste vice é também um substantivo que pode atrair um tipo de atenção fora do foco que interessa à campanha. Colocar apenas "Índio", como está na marca de campanha, resulta apenas em complicação.
E o jingle parece tema de candidato a prefeito. Conceitualmente vai de encontro ao que se espera de um candidato da oposição nesta eleição. Tromba de forma violenta inclusive contra o discurso do candidato nesta pré-campanha. O refrão personalista lembra o quero-quero da eleição anterior à presidência que Serra disputou. Um coro pede com insistência "Eu quero Serra", com uma estranha acentuação (e errada) na última sílada
O conceito marcante é de que "agora é Serra pra cuidar dessa nação" junto com a afirmação de que "Agora é Serra pra cuidar da gente". Já vi isso em campanha pra prefeito. E mesmo no universo restrito de um município este conceito populista cria antipatia com segmentos política e culturalmente de maior influência social.
Cá entre nós, você quer o Serra ou qualquer outro político cuidando de você? Nem eu, nem você e nem milhares de pessoas tem interesse nesse tipo de coisa. E para agravar a inconveniência deste conceito, este público está situado exatamente entre o eleitorado que Serra precisa manter.
Os tucanos estão enfrentando um problema que não é novo. É preciso conquistar o voto do eleitor mais pobre, que foi cooptado de forma bastante canalha pelo lulo-petismo com o uso eleitoral de direitos sociais básicos fornecidos pelo Estado. E isso tem que ser feitos sem criar áreas de atrito com o eleitorado que já tem simpatia por Serra, composto basicamente por eleitores com alta rejeição ao populismo.
Saúde? Foi Pai Lula quem deu. Emprego? Foi Pai Lula quem deu. Educação? Foi Paí Lula quem deu. E por aí vai, com o discurso amealhando qualquer questão à esta idéia de um Estado protetor. E se foi Lula quem deu, a propaganada já vem marcando que Mãe Dilma dará isso e algo mais.
A questão do marketing de Serra é conquistar este tipo de eleitor, porém sem perder ou deixar de ganhar o eleitor que não precisa de assistência do Estado e que também tem a tendência de votar contra esta cultura populista na qual o lulo-petismo se agarrou de forma muito bem estruturada, até porque sempre teve como base um sindicalismo que vive disso há muito tempo.
Se o que Serra apresenta agora como suas marcas for determinar de fato a linha de campanha daqui até outubro, sua candidatura estará tomando o caminho errado.
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POR José Pires
... o 2º turno começou hoje e logo vi que a campanha do Serra mudou algumas coisas no visual. Repare na esfera com um "S" cortando-a... É cópia da esfera do PT (Dilma e Mercadante)… Tem até umas estrelinhas… No geral, achei muito mais fraco o trabalho dos marqueteiros tucanos.
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