sábado, 23 de outubro de 2010

O caso Celso Daniel na ante-sala do presidente Lula


O PT e o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, viraram réus num processo em que são acusados pelo Ministério Público de participar de uma quadrilha que cobrava propinas em Santo André. A Justiça aceitou a denúncia. Está de volta o conhecido caso Celso Daniel, que envolve também o assassinato do então prefeito petista de Santo André, em janeiro de 2002. A propina é grande: R$ 5,3 milhões foram desviados dos cofres públicos.

Carvalho foi secretário municipal em Santo André entre 1997 e 2002, na prefeitura administrada pelo PT. Era o braço direito de Celso Daniel. O prefeito foi seqüestrado, torturado e morto no dia 18 de janeiro de 2002 depois de um jantar com Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, que na época era seu segurança. Sombra é acusado de ter encomendado o crime e vai a júri popular a partir de novembro.

Para o Ministério Público, Daniel foi morto porque queria que a propina fosse destinada apenas ao PT e não para os envolvidos. Até sua morte, ele era o principal coordenador da campanha presidencial de Lula.

Desde a época do crime, Carvalho vem trabalhando para que o caso fosse encerrado como um crime comum. Com esta denúncia, aceita pela Justiça, o chefe de gabinete de Lula virou réu, acusado da participação em um esquema que seria o precursor do mensalão.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, na citação a Justiça pede que Carvalho receba o aviso em sua casa ou no “gabinete pessoal da Presidência da República”. Seria melhor no gabinete da Presidência, não? Afinal foi ali, numa função tão próxima de Lula, que ele fez todos os esforços para que o caso Celso Daniel fosse enterrado lá atrás.

Mas agora felizmente está de volta o caso. E já numa instância em que há uma obrigação de seu aprofundamento. E digo felizmente, sem nenhuma relação com alguma satisfação pessoal pelo envolvimento de uma alta figura do governo Lula. É que, se o PT até vive bem com seus fantasmas escondidos no porão, a Nação não tem a mesma tranqüilidade com tanta coisa encoberta e que exige explicação mais convincente.

Mas a situação de Gilberto Carvalho está bem complicada nesta denúncia do Ministério Público. Vejam um pedaço da denúncia aceita pela Justiça, em que ele é citado: “Ele concorreu de qualquer maneira para a prática dos atos de improbidade administrativa na medida em que transportava o dinheiro (propina) arrecadado em Santo André para o Partido dos Trabalhadores".

Mais um trecho da denúncia, onde fala-se também do ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de participação direta na morte de Celso Daniel e que é companheiro de Carvalho entre os réus: "O valor arrecadado era encaminhado por Ronan ao requerido Sérgio e chegava, em parte, nas mãos de Gilberto Carvalho, que se incumbia de transportar os valores para o Partido dos Trabalhadores".
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POR José Pires

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