Não deixa de ser engraçado a presidente eleita, Dilma Rousseff, chamando seus coordenadores de campanha mais destacados de “três porquinhos”, mas não convém rir muito disso porque existe um estilo no que se viu na reunião do Diretório Nacional do PT em que ela fez a piada humilhante com três figuras políticas petistas bem vividas. E este estilo vai se instalar na presidência da República e pode influenciar bastante as relações em todo o país.
José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardoso estavam presentes, mas o terceiro porquinho, Antonio Palocci (o daquela porcaria da quebra do sigilo bancário), cuidava de outros afazeres. Triste fim do tão prestigiado Palocci — um petista por quem até certos tucanos guardam muito respeito —, acabar subordinado a uma chefe (ou chefa?) que faz piadinhas depreciativas em público.
Mas Dilma fez a piada de forma simpática, dirão alguns para consertar a gafe da gerente (ou gerenta?). Ah, bom...
Na reunião com os três porquinhos em primeiro plano já dá para ver uma Dilma deixando para trás a ternura implantada de forma artificial pelo marketing político. E é apenas o primeiro discurso público da eleita. O vídeo está na internet para ser conferido. O tom de voz na piada com os dois líderes petistas e o ex-ministro da Fazenda já é uma boa pista. Mas tem mais. Ela esquece termos coletivos. Sua fala: “Acredito que os três porquinhos foram muito bem sucedidos na coordenação da MINHA campanha”.
Lembro que há poucos dias era "NOSSA campanha". Dilma pode até consertar isso nas próximas falas, mas é este ato falho que expressa o que vem por aí.
Dilma tem uma personalidade opressora, o que é confirmado por vários depoimentos. Em situação de superioridade, ela não respeita habilidades técnicas ou profissionais e muito menos os sentimentos alheios. Pisa mesmo. As coisas têm que ser do jeito que ela quer. É o pior tipo de chefe que existe e não só pelo inferno cotidiano que acaba sendo criado: esta forma de administrar é contraproducente.
Digo com sinceridade e sem nenhuma intenção de fazer piada: não é à toa que Dilma pegou em armas para implantar por meio da força bruta suas idéias. É o jeito dela e isso não ficou para trás. Nada indica que ela tenha buscado trabalhar este claro desvio de personalidade. Eu disse desvio? É óbvio que ainda hoje em dia ela acredite naquilo como um rumo certo, apenas com as ressalvas contextuais entre aquela época e o que ocorre agora.
Mas voltemos aos três porquinhos. Seria mais engraçado se não estivéssemos todos presentes também nesta piada. Dessa forma, não há como deixar de trair uma boa dose de nervosismo no riso, o que é perceptível na reunião do PT. Olhando o vídeo, tenho a impressão de que um que não achou muita graça foi o governador da Bahia, Jaques Wagner.
Não é um mundo dos melhores ter um estilo brutal como o de Dilma implantado no posto mais alto da República. Será que ainda vamos ter saudades da descontraída irresponsabilidade de Lula? Com ele, tivemos um presidente que destruiu como nenhum outro dirigente público parâmetros de seriedade na administração pública. Com a força da propaganda governista cotidiana e a ausência do Judiciário, além da conivência da imprensa, Lula liberou qualquer prefeitinho a tocar sua prefeitura sem nenhum respeito à ética ou qualidade administrativa.
E com Dilma poderemos ter um presidente que parece ver no assédio uma ferramenta eficiente para alcançar a produtividade. No Brasil, o presidente da República infelizmente tem influência demais. Já imaginaram esta grossura se espalhando?
Parece que a propaganda eleitoral de que o Brasil está em ótima situação não foi finalizada com a eleição, mas todos sabem que a coisa não está tão boa assim. Até a imprensa sabe disso, mas embarca na onda governista mais com um olho no caixa das empresas do que no interesse jornalístico e ético das redações.
Mas como a realidade não segue as pautas dos jornais e muito menos às da propaganda política, teremos tempos duros pela frente. Vai ser duro enfrentar isso com alguém na presidência da República que acha que produtividade se alcança no grito. Tomara que não aconteça com o país o que tivemos com Lula, que contagiou a vida dos brasileiros de forma marcante com seu otimismo propagandístico calcado na irresponsabilidade e na ausência ao trabalho.
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POR José Pires
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