terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cadê Lula e Chávez, os amigos de Kadhafi?

Na madrugada desse domingo fui atrás de materiais comprovando a forte amizade entre o ex-presidente Lula e o ditador Muammar Kadhafi para publicar aqui no blog. Não foi tarefa difícil, bastou eu lembrar da calorosa amizade entre os dois e pegar em um ou outro site informações sobre o assunto. É claro que muita coisa eu já tinha arquivado, pois uma amizade dessas comove de tal forma que não tem como não querer manter as recordações muito bem guardadas até que surja um bom momento para trazer de volta o período em que o petista e o ditador da Líbia trocavam cumprimentos fraternos.

As notícias antigas entre os dois é só de afetos. Muito mais de Lula, que tem um amor estranho pela Líbia. Não foi complicado localizar as fotos dos dois governantes juntos. Ainda estão nos arquivos da Presidência da República. Não foram ainda apagadas, até porque antes da população líbia acossar Kadhafi, ele era defendido pelo governo petista como uma das grandes lideranças progressistas do mundo.

O governo distribuiu com orgulho as imagens de Lula com Kadhafi, na época em que os dois se encontraram e é claro que mantinha as fotos como um documento histórico da nova diplomacia implantada pelo PT. Não era essa a retórica da política externa dos dois mandatos de Lula? Pois foi assim até o momento da eleição de Dilma Rousseff e com certeza teríamos de suportar mais quatro anos da mesma lorota, caso a situação internacional não mudasse de tal forma.

Como é mesmo aquela história de falar fino e falar grosso? O compositor Chico Buarque não gosta de ser cobrado, mas não seria de forma alguma incorreto um jornalista meter um microfone na sua frente para que ele explicasse se o ditador Kadhafi está falando fino ou grosso quando manda reprimir, atirar e até bombardear o povo líbio.

Me lembro que um país citado por Buarque na frase infeliz era a Bolívia. Veja na foto abaixo, enquanto Lula cumprimenta efusivamente o ditador líbio, ao fundo o presidente boliviano Evo Morales quase gargalha de satisfação. É evidente que depois de Lula, ele deve ter ido pro abraço com o companheiro ditador. E aí fica a dúvida: isso é falar fino ou falar grosso? Chico Buarque precisa explicar melhor o conceito.

Kadhafi era uma peça essencial no modelo de diplomacia do governo Lula. Aqui na América do Sul o alinhamento se dava com o "bolivarianismo" chefiado por Hugo Chávez, mas no plano mundial os gênios da diplomacia lulista contavam com gente como o ditador líbio para criar mecanismos de pressão sobre as grandes potências. Outra peça importante nesta estratégia era o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

Enfim, falando grosso ou fino, esse foi caminho genial da política externa petista. Agora todos tentam tirar o corpo fora, mas se fosse para levar ao pé da letra essa diplomacia de Napoleão de hospício, o Brasil teria que imediatamente se solidarizar com o ditador acuado no palácio.

Mas de que forma fazer isso quando some todo mundo? O Lula, que já começava na semana passada a contar lorota pra jornalista, ainda não deu nenhuma declaração de apoio a seu "amigo, irmão e líder". E o venezuelano Chávez também tomou chá de sumiço. Muy amigos, não?

Até fui dar uma sapeada nos sites de jornais venezuelanos e nada. Só quem falou sobre o assunto foi ministro das Relações Exteriores da Venezuela que, pra piorar, ainda tem um sobrenome que dá trocadilho. Nicolás Maduro (que o jornal El Nacional chama de "inmaduro") na verdade não toma nenhuma posição prática. Apenas torce para que Kadhafi tenha o controle da situação na Líbia.

O editorial do El Nacional contesta o ministro venezuelano, critica a relação já antiga entre Chávez e Kadhafi, e faz uma pergunta que pode muito bem ser feita também aqui no Brasil: por que apoiamos este assassino?

Os petistas não podem fugir desta questão.
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POR José Pires

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