A revolta contra ditaduras que começou no mundo árabe acaba de respingar na política externa promovida por Lula e propagandeada de forma ufanista como a grande qualidade do governo petista. No Irã, onde Lula gostava de um olho no olho com Ahmadinejad, o governo arma manifestações de apoiadores seus pedindo a morte de líderes da oposição. Já na líbia, o ditador líbio Muammar Kadhafi está reprimindo e matando os manifestantes nas ruas.
Logo que começaram as manifestações no Egito, a esquerda brasileira se assanhou e até começaram a ver revolução onde existe apenas revolta popular. O que tem ocorrido até agora parece mais com desabafos em razão da falta de perspectiva de vida do que lutas pela liberdade e muito menos por alguma transformação política mais radical.
Mas o fato é que as revoltas vão pulando de um país para outro e já se prevê seu alastramento por todo o mundo árabe. Seria interessante que essa movimentação política contagiasse também a África. Fico imaginando quantos amigos de Lula, ele que é o parceiro preferido de 9 entre 10 ditadores africanos, não baqueariam com uma coisa dessas.
Já o Kadhafi é muito mais que um parceiro de Lula. O ditador líbio é seu "irmão, amigo e líder". Foi o próprio Lula quem disse esse absurdo. A fala foi na Cúpula da União Africana, em julho de 2009, onde ele esteve como convidado de honra, na condição de presidente do Brasil.
Eram dadas como certas também a presença de Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, e Ban Ki-Moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ambos como convidados especiais. Mas os dois cancelaram de última hora suas participações.
Nem o Berlusconi teve estômago para uma reunião daquelas, mas Lula estava bem ambientado. Na verdade, Lula foi escolhido como convidado de honra para ser um joguete de ditadores e do próprio Kadhafi, que pretende exercer uma liderança sobre a África. O anfitrião da reunião foi Kadhafi e naturalmente estava lá toda a corja de ditadores africanos que o petista cortejou em seus dois mandatos.
O companheiro Ahmadinejad havia sido convidado, mas não pode comparecer, o que foi uma pena. A reunião foi menos de um mês após Lula fazer piada com as manifestações contra a fraude na eleição de Ahmadinejad no Irã, quando o então presidente brasileiro chamou de "torcida perdedora" os manifestantes que estavam sendo massacrados nas ruas de Teerã.
Mas não seria a falta de um ditador que prejudicaria um encontro realizado na Líbia. Estava lá até o ditador sudanês, Omar al Bashir, com ordem de prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra e contra a humanidade.
Lula pererecou para evitar ser fotografado ao lado do ditador do Sudão. No final do encontro, o petista saiu correndo de um almoço oficial com mais de 30 líderes ao ver que havia sido colocado ao lado de Al Bashir.
O petista viu problema em ficar ao lado do sudanês, mas com o ditador Kadhafi ele se dá muito bem. É o "meu amigo, meu irmão e líder", como ele disse.
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POR José Pires
Logo que começaram as manifestações no Egito, a esquerda brasileira se assanhou e até começaram a ver revolução onde existe apenas revolta popular. O que tem ocorrido até agora parece mais com desabafos em razão da falta de perspectiva de vida do que lutas pela liberdade e muito menos por alguma transformação política mais radical.
Mas o fato é que as revoltas vão pulando de um país para outro e já se prevê seu alastramento por todo o mundo árabe. Seria interessante que essa movimentação política contagiasse também a África. Fico imaginando quantos amigos de Lula, ele que é o parceiro preferido de 9 entre 10 ditadores africanos, não baqueariam com uma coisa dessas.
Já o Kadhafi é muito mais que um parceiro de Lula. O ditador líbio é seu "irmão, amigo e líder". Foi o próprio Lula quem disse esse absurdo. A fala foi na Cúpula da União Africana, em julho de 2009, onde ele esteve como convidado de honra, na condição de presidente do Brasil.
Eram dadas como certas também a presença de Silvio Berlusconi, primeiro-ministro da Itália, e Ban Ki-Moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ambos como convidados especiais. Mas os dois cancelaram de última hora suas participações.
Nem o Berlusconi teve estômago para uma reunião daquelas, mas Lula estava bem ambientado. Na verdade, Lula foi escolhido como convidado de honra para ser um joguete de ditadores e do próprio Kadhafi, que pretende exercer uma liderança sobre a África. O anfitrião da reunião foi Kadhafi e naturalmente estava lá toda a corja de ditadores africanos que o petista cortejou em seus dois mandatos.
O companheiro Ahmadinejad havia sido convidado, mas não pode comparecer, o que foi uma pena. A reunião foi menos de um mês após Lula fazer piada com as manifestações contra a fraude na eleição de Ahmadinejad no Irã, quando o então presidente brasileiro chamou de "torcida perdedora" os manifestantes que estavam sendo massacrados nas ruas de Teerã.
Mas não seria a falta de um ditador que prejudicaria um encontro realizado na Líbia. Estava lá até o ditador sudanês, Omar al Bashir, com ordem de prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra e contra a humanidade.
Lula pererecou para evitar ser fotografado ao lado do ditador do Sudão. No final do encontro, o petista saiu correndo de um almoço oficial com mais de 30 líderes ao ver que havia sido colocado ao lado de Al Bashir.
O petista viu problema em ficar ao lado do sudanês, mas com o ditador Kadhafi ele se dá muito bem. É o "meu amigo, meu irmão e líder", como ele disse.
Kadhafi e esquerda, uma amizade antiga
A esquerda brasileira tem relações estreitas e muito antigas com o ditado Líbio. Existe até uma história de que Kadhafi teria dado gordas contribuições financeiras ao grupo MR-8. O que tem de comprovado é que realmente o pessoal do MR-8 adora o ditador. Houve uma época até em que eles andaram distribuindo o tal Livro Verde, de Kadhafi, que traz pensamentos escritos de forma parecida com o famoso Livro Vermelho, de Mao Tsé-Tung. São dois pensadores semelhantes até na cretinice que chega a ser cômica.
Mas não é só o MR-8 que trata Kadhafi muito bem na esquerda brasileira. O ditador líbio tem boas relações com o PT e é tratado com bastante respeito em muitos sites e também jornais. Articulistas de esquerda raramente mencionam a falta de democracia na Líbia e jamais apontam Kadhafi como o ditador que de fato ele é. Ao contrário disso, quando seu governo é o assunto sempre se dá um jeito de ressaltar seu papel como o de um líder árabe da ala progressista e entre os combatentes anticolonialistas da África e do Oriente Médio.
É claro que não dá para crer que haja dinheiro na relação entre Lula e Kadhafi, mas é bastante estranha a afinidade entre os dois, pra lá de protocolares. Dá para ver isso na atitude do petista na presença do ditador. Essa conversa de "amigo, irmão e líder" não parece ser só coisa da boca pra fora. Observem nas duas fotos. A de cima é a da Cúpula da União Africana e a do lado foi tirada na II Cúpula América do Sul e África, realizada no mês seguinte. As fotos foram distribuídas com orgulho pelo próprio governo.
Mas agora o "amigo, irmão e líder" de Lula está com sérios problemas em seu país e apelando para uma violência que faz parecer tolerante até o ex-ditador egípcio Hosni Mubarak. As organizações humanitárias informam que a repressão do governo líbio já matou quase cem pessoas desde que os protestos conmeçaram. Neste sábado eles usaram franco-atiradores contra os manifestantes. Segundo depoimentos, 15 pessoas teriam sido mortas e muitas outras ficaram feridas.
Os tiros foram disparados contra uma marcha em memória dos mortos nas últimas manifestações. Grupos armados também perseguiram as pessoas. Os manifestantes feridos estão chegando aos hospitais com lesões muito graves que parecem provocadas por armas potentes.
Um médico disse à BBC o seguinte: "Estou vendo pessoas feridas serem carregadas durante todo o dia. Elas foram alvejadas na cabeça e no peito, quebraram braços e pernas. Há tiroteios em toda a parte".
Na reunião da Cúpula da União Africana, além de bajular seu "irmão, amigo e líder" Kadhafi, Lula falou que "consolidar a democracia é um processo evolutivo". Que coisa, não? Parece conversa da nossa ditadura militar. É claro que ele disse isso para amenizar as possíveis cobranças sobre a reunião com os companheiros ditadores, mas parece que com o companheiro Kadhafi não tem esse papo de democracia. Nem como "processo evolutivo".
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POR José Pires
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