Sobre a segurança do Programa Nuclear Brasileiro tem algumas histórias que não trazem nenhuma confiança no que temos aí, a começar por uma primeira delas, ainda no início da construção da Usina de Angra dos Reis, em 1978. Vivíamos na ditadura militar, num clima em que a segurança era algo muito especial para os militares.
Foi uma reportagem da extinta revista Repórter Três (excelente, mas que teve apenas uma edição) que mostrou que no Brasil era muito difícil ter barreiras de sigilo, mesmo num projeto cercado de mistérios como foi o Programa Nuclear.
O jornalista Caco Barcelos, começando na carreira, entrou na Usina de Angra da forma mais simples: pegou um emprego como operário da mais baixa categoria na obra e passou dias vendo e anotando tudo que havia no projeto mais secreto da ditadura militar. A ótima chamada de capa da revista (veja acima) mostrava o que seria possível acontecer se o Caco Barcelos não estivesse na obra só para fazer uma reportagem: "Sabotamos a Central Nuclear".
A energia nuclear é algo caro e extremamente perigoso, como foi possível ver em Fukushima, mas o risco já é do conhecimento mundo há pelo menos três décadas. Este não é o primeiro acidente nuclear grave e é impossível qualquer governo garantir que seja o último.
O que há de mais preocupante na energia nuclear não é só o risco de acidente numa usina, mas também a geração de lixo atômico dentro do processo normal de funcionamento de uma usina.
Ninguém sabe como resolver este grande problema da energia nuclear. O lixo radiativo permanece perigoso por centenas de milhares de anos.
No que diz respeito ao destino do lixo atômico, há anos que o Greenpeace vem alertando que o Programa Nuclear Brasileiro trata o assunto de forma provisória. Nesta semana, surgiu uma revelação gravíssima sobre o lixo atômico da Usina de Angra dos Reis e que infelizmente não vem recebendo o merecido destaque na imprensa.
Em seu Ex-blog, distribuído pela internet, o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia denunciou que nas Usinas Nucleares de Angra o lixo atômico fica em caixas de chumbo depositadas em prateleiras de um galpão como num supermercado.
Para mostrar a gravidade do problema, Maia narra a visita anterior feita por um grupo de brasileiros às Usinas Nucleares da Alemanha, da Siemens. E faz a comparação com o método do governo brasileiro.
Na usina alemã os brasileiros só entraram com identificação um a um, feita fora da usina. Foram feitas fotos de todo mundo, houve um encontro em uma sala reservada com o oferecimento de informações. Entraram todos com os uniformes de segurança, que terminada a visita foram incinerados.
Mesmo com o rigor que foi visto pelos brasileiros, na época dessa visita a forma de armazenamento feito pela usina ainda não havia sido aceita pela corte suprema alemã.
O lixo atômico alemão fica numa antiga mina de sal. O grupo desceu de elevador por 800 metros.
Lá embaixo, caixas de chumbo lacradas são colocadas no meio do sal, que se fecha em torno das caixas como pedras, obstruindo qualquer risco de contato com o ar. E repito que o processo ainda estava sob a avaliação da corte suprema, mesmo com toda essa segurança.
De volta da viagem, o grupo foi visitar as Usinas Usinas Nucleares de Angra dos Reis, quando viram o lixo atômico depositado em prateleiras.
O acesso foi feito sem cuidados especiais coma identificação. Na mesma sala de recepção foram dadas as informações e vestidos os uniformes.
As tais prateleiras com o lixo atômico estão num galpão a 200 metros do prédio da Usina. Conta o ex-prefeito Maia o que viram lá: “Mas o susto maior veio quando foi pedido para se conhecer a área de depósito de resíduos nucleares. São caixas de chumbo como na Alemanha, mas depositadas em prateleiras de um galpão como num supermercado”.
No texto em seu Ex-Blog, Maia ainda sugere que, “no mínimo, caberia ao Congresso Nacional constituir, urgente, uma comissão especial e visitar esse depósito, ou outro local de depósito das caixas de chumbo dos resíduos nucleares”, mas aí voltamos à questão da baixa qualidade política a que chegamos.
E o fato é que se tivéssemos um Congresso decente o tratamento do lixo atômico numa usina brasileira não estaria sendo feito dessa forma. Bem, com políticos decentes talvez nem tivéssemos usinas nucleares.
E se for para fazer uma visita como essa alguém duvida que o governo do PT não vá mexer os pauzinhos para criar uma comissão que mantenha tudo como está? Claro que vai. Não é difícil até que peguem uns mensaleiros para fazer o serviço.
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POR José Pires
Foi uma reportagem da extinta revista Repórter Três (excelente, mas que teve apenas uma edição) que mostrou que no Brasil era muito difícil ter barreiras de sigilo, mesmo num projeto cercado de mistérios como foi o Programa Nuclear.
O jornalista Caco Barcelos, começando na carreira, entrou na Usina de Angra da forma mais simples: pegou um emprego como operário da mais baixa categoria na obra e passou dias vendo e anotando tudo que havia no projeto mais secreto da ditadura militar. A ótima chamada de capa da revista (veja acima) mostrava o que seria possível acontecer se o Caco Barcelos não estivesse na obra só para fazer uma reportagem: "Sabotamos a Central Nuclear".
A energia nuclear é algo caro e extremamente perigoso, como foi possível ver em Fukushima, mas o risco já é do conhecimento mundo há pelo menos três décadas. Este não é o primeiro acidente nuclear grave e é impossível qualquer governo garantir que seja o último.
O que há de mais preocupante na energia nuclear não é só o risco de acidente numa usina, mas também a geração de lixo atômico dentro do processo normal de funcionamento de uma usina.
Ninguém sabe como resolver este grande problema da energia nuclear. O lixo radiativo permanece perigoso por centenas de milhares de anos.
No que diz respeito ao destino do lixo atômico, há anos que o Greenpeace vem alertando que o Programa Nuclear Brasileiro trata o assunto de forma provisória. Nesta semana, surgiu uma revelação gravíssima sobre o lixo atômico da Usina de Angra dos Reis e que infelizmente não vem recebendo o merecido destaque na imprensa.
Em seu Ex-blog, distribuído pela internet, o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia denunciou que nas Usinas Nucleares de Angra o lixo atômico fica em caixas de chumbo depositadas em prateleiras de um galpão como num supermercado.
Para mostrar a gravidade do problema, Maia narra a visita anterior feita por um grupo de brasileiros às Usinas Nucleares da Alemanha, da Siemens. E faz a comparação com o método do governo brasileiro.
Na usina alemã os brasileiros só entraram com identificação um a um, feita fora da usina. Foram feitas fotos de todo mundo, houve um encontro em uma sala reservada com o oferecimento de informações. Entraram todos com os uniformes de segurança, que terminada a visita foram incinerados.
Mesmo com o rigor que foi visto pelos brasileiros, na época dessa visita a forma de armazenamento feito pela usina ainda não havia sido aceita pela corte suprema alemã.
O lixo atômico alemão fica numa antiga mina de sal. O grupo desceu de elevador por 800 metros.
Lá embaixo, caixas de chumbo lacradas são colocadas no meio do sal, que se fecha em torno das caixas como pedras, obstruindo qualquer risco de contato com o ar. E repito que o processo ainda estava sob a avaliação da corte suprema, mesmo com toda essa segurança.
De volta da viagem, o grupo foi visitar as Usinas Usinas Nucleares de Angra dos Reis, quando viram o lixo atômico depositado em prateleiras.
O acesso foi feito sem cuidados especiais coma identificação. Na mesma sala de recepção foram dadas as informações e vestidos os uniformes.
As tais prateleiras com o lixo atômico estão num galpão a 200 metros do prédio da Usina. Conta o ex-prefeito Maia o que viram lá: “Mas o susto maior veio quando foi pedido para se conhecer a área de depósito de resíduos nucleares. São caixas de chumbo como na Alemanha, mas depositadas em prateleiras de um galpão como num supermercado”.
No texto em seu Ex-Blog, Maia ainda sugere que, “no mínimo, caberia ao Congresso Nacional constituir, urgente, uma comissão especial e visitar esse depósito, ou outro local de depósito das caixas de chumbo dos resíduos nucleares”, mas aí voltamos à questão da baixa qualidade política a que chegamos.
E o fato é que se tivéssemos um Congresso decente o tratamento do lixo atômico numa usina brasileira não estaria sendo feito dessa forma. Bem, com políticos decentes talvez nem tivéssemos usinas nucleares.
E se for para fazer uma visita como essa alguém duvida que o governo do PT não vá mexer os pauzinhos para criar uma comissão que mantenha tudo como está? Claro que vai. Não é difícil até que peguem uns mensaleiros para fazer o serviço.
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POR José Pires
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