O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, deve estar com pouco serviço, pois parece que resolveu discutir os Princípios Editoriais das Organizações Globo. O ministro lançou uma nota agora no início da noite para refutar uma reportagem publicada pela revista Época. É bem grandinha para uma nota de esclarecimento e nela discute-se mais o código interno lançado pelas Organizações Globo do que o assunto em pauta.
Deve ser alguma novidade ao modo do estilo petista de governo esse ensaio sobre regras jornalísticas quando o que a revista pedia era só que o ministro respondesse se andou embarcando em avião particular.
O ministro das Comunicações está mal de comunicação e com isso abriu espaço para uma resposta da Época, que acabou sendo fortalecida em suas denúncias pela nota, ou melhor, pelo ensaio lançado em forma de nota pelo ministro.
Na reportagem publicada na edição desta semana, que pode ser lida aqui, a revista afirma que alguém testemunhou o ministro Bernardo andou embarcando em um jatinho particular. O avião em que ele teria viajado é de uma empreiteira, a construtora Sanches Tripoloni, responsável pela construção de um anel viário na cidade de Maringá, no Paraná.
O anel viário é uma daquelas obras públicas que aumentam de preço enquanto vão sendo construídas. Hoje já está com o dobro de seu preço original. Época diz na reportagem que o ministro teve uma atenção especial com a obra, que teve emendas ao Orçamento da União batalhadas por ele e até foi incluída no PAC numa condição especial que torna obrigatório o repasse de dinheiro público.
A construtora Sanches Tripoloni estava em situação bem difícil em 2006, quando chegaram a registrar redução de capital, mas hoje está numa boa: No ano passado, ela recebeu R$ 267 milhões do governo federal.
O Tribunal de Contas da União (TCU) descobriu superfaturamento de preços na obra em Maringá e chegou a declarar à empreiteira "inidônea" em 2009 por causa de outra obra também no Paraná, mas a Sanches Tripoloni não deixou de receber dinheiro público.
O ministro andou correndo da revista nos últimos quarenta dias. Época queria só saber se ele havia viajado em algum jatinho particular desde que entrou no governo, mas Bernardo resolveu ignorar a pergunta. E agora lança um ensaio que acaba esquentando o assunto. É difícil entender um negócio desses.
Bernardo tem sua base eleitoral na região que compreende Londrina e Maringá, as duas maiores cidades do interior, localizadas no norte do Estado. O plano do grupo que ele chefia é ganhar um dia o governo do estado com Gleisi Hoffmann que, como todos sabem, é sua mulher. A Sanches Tripoloni é grande doadora do PT paranaense, com doações inclusive para a campanha ao Senado de Gleisi Hoffmann, que também lançou uma nota igualmente esquisita em que refuta o que não está escrito na reportagem da Época.
Esse pessoal anda ruim de comunicação. Eu sei que o objetivo é mesmo o de enrolar a opinião pública, mas desse jeito acabam chamando mais atenção ao assunto. A nota de Bernardo, por exemplo, cita três outras reportagens da revista que desgostaram o ministro. Duas delas eu desconhecia e é claro que vou procurar ler. A dica é boa.
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POR José Pires
Deve ser alguma novidade ao modo do estilo petista de governo esse ensaio sobre regras jornalísticas quando o que a revista pedia era só que o ministro respondesse se andou embarcando em avião particular.
O ministro das Comunicações está mal de comunicação e com isso abriu espaço para uma resposta da Época, que acabou sendo fortalecida em suas denúncias pela nota, ou melhor, pelo ensaio lançado em forma de nota pelo ministro.
Na reportagem publicada na edição desta semana, que pode ser lida aqui, a revista afirma que alguém testemunhou o ministro Bernardo andou embarcando em um jatinho particular. O avião em que ele teria viajado é de uma empreiteira, a construtora Sanches Tripoloni, responsável pela construção de um anel viário na cidade de Maringá, no Paraná.
O anel viário é uma daquelas obras públicas que aumentam de preço enquanto vão sendo construídas. Hoje já está com o dobro de seu preço original. Época diz na reportagem que o ministro teve uma atenção especial com a obra, que teve emendas ao Orçamento da União batalhadas por ele e até foi incluída no PAC numa condição especial que torna obrigatório o repasse de dinheiro público.
A construtora Sanches Tripoloni estava em situação bem difícil em 2006, quando chegaram a registrar redução de capital, mas hoje está numa boa: No ano passado, ela recebeu R$ 267 milhões do governo federal.
O Tribunal de Contas da União (TCU) descobriu superfaturamento de preços na obra em Maringá e chegou a declarar à empreiteira "inidônea" em 2009 por causa de outra obra também no Paraná, mas a Sanches Tripoloni não deixou de receber dinheiro público.
O ministro andou correndo da revista nos últimos quarenta dias. Época queria só saber se ele havia viajado em algum jatinho particular desde que entrou no governo, mas Bernardo resolveu ignorar a pergunta. E agora lança um ensaio que acaba esquentando o assunto. É difícil entender um negócio desses.
Bernardo tem sua base eleitoral na região que compreende Londrina e Maringá, as duas maiores cidades do interior, localizadas no norte do Estado. O plano do grupo que ele chefia é ganhar um dia o governo do estado com Gleisi Hoffmann que, como todos sabem, é sua mulher. A Sanches Tripoloni é grande doadora do PT paranaense, com doações inclusive para a campanha ao Senado de Gleisi Hoffmann, que também lançou uma nota igualmente esquisita em que refuta o que não está escrito na reportagem da Época.
Esse pessoal anda ruim de comunicação. Eu sei que o objetivo é mesmo o de enrolar a opinião pública, mas desse jeito acabam chamando mais atenção ao assunto. A nota de Bernardo, por exemplo, cita três outras reportagens da revista que desgostaram o ministro. Duas delas eu desconhecia e é claro que vou procurar ler. A dica é boa.
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POR José Pires
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