terça-feira, 13 de setembro de 2011

Coisa de louco

Tem umas coisas no Brasil que... só no Brasil mesmo. Não digo isso apenas por serem fatos absurdos, bem fora do comum, pois é próprio do ser humano cometer maluquices que só podem ser equilibradas com regras políticas, sociais e até mesmo jurídicas que por aqui são muito bambas.

Aqui o absurdo não só é contemplado socialmente como pode até passar a ser visto como uma normalidade. É o país em que o larápio político flagrado pela polícia se defende de imediato dizendo que "foi só um caixa dois". Estamos onde o louco que grita mais vira dirigente do hospício.

Já vimos isso no mensalão, um esquema que teria dado cadeia praticamente imediata se tivesse sido descoberto em um país decente, mas que aí está sendo levado com tanta lentidão que permite até que seja composto um tribunal que pode ser mais leniente com os larápios.

É fogo agüentar a imensa rede de corrupção que surge todos os dias de forma fantástica no noticiário, como fábulas políticas das quais o mensalão é um exemplo que até parece literatura fantástica, mas aqui não se pode dizer nunca que já se viu tudo. Não se deve nunca perguntar no Brasil aonde vamos parar. Nesta terra a construção de absurdos tem sempre um horizonte imenso pela frente.

Hoje apareceu a notícia de que os advogados da promotora Deborah Guerner, acusada de envolvimento no esquema de pagamento de propina no governo do Distrito Federal revelado em 2009, pediram à Justiça a restituição de R$ 280 mil que a Polícia Federal apreendeu na casa dela.

Até aí tudo bem. Com tanta ladroagem denunciada na política sem que o dinheiro roubado seja restituído aos cofres públicos, por que haveria algum espanto de haver uma devolução como esta?

Mas acontece que o dinheiro apreendido pela PF foi descoberto em um cofre que estava enterrado no quintal da casa de Debora Guerner. Isso mesmo, podem voltar ao início da frase conferir se leram direito, mas vou repetir: o dinheiro estava em um cofre enterrado em um cofre no quintal.

O advogado da acusada garante que o dinheiro tem origem lícita e servirá para pagar os custos do tratamento psiquiátrico de sua cliente.

O pedido já foi protocolado na semana passada e acho que ninguém deve se espantar se for mesmo devolvida a bufunfa que estava enterrada em um cofre no quintal. É melhor deixar isso pra lá e tentar se equilibrar psicologicamente. Não adianta pirar com tudo isso que vem acontecendo. Até porque, apesar de ser normal no Brasil guardar quase 300 mil reais enterrados num buraco, não temos tudo isso em nosso quintal para pagar custos de um tratamento para manter nossa saúde mental.
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POR José Pires

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