quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Alertas vermelhos em vários cantos

O governo do PT está num bate-cabeças interminável desde a posse de Dilma Rousseff. É um descontrole administrativo e político que até faz a gente perguntar quando afinal é que vai começar o governo Dilma. E cadê a “gerentona”? Faltam menos de dois meses para que sua posse complete um ano e até agora ainda não se sabe o que é este governo, além do acúmulo de corrupção que já levou à queda de cinco ministros e dificilmente não resultará na degola de um sexto corrupto, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

Sempre é bom lembrar que este é um governo de continuidade, que tem no seu, digamos assim, “comando”, uma presidente que vem de cargos decisivos dos dois governos de Lula.

Mas além das denúncias sucessivas de corrupção, o governo Dilma se envolve noutro bate-cabeças com o desastre ambiental do vazamento do poço da Chevron, na Bacia de Campos. Até o momento não se tem conhecimento nem da dimensão exata do desastre, que pode ser bem maior do que se sabe até agora.

O que se sabe com certeza é que o governo petista não tem o controle da exploração do petróleo no Brasil nem nos aspectos mais básicos: não fiscaliza, não acompanha o cotidiano das perfurações, e por isso só ficou sabendo do desastre pela imprensa. Dilma e seus ministros também dão a impressão de que depois do desastre é também pelos jornais que acompanham tudo

Já escrevi aqui sobre o vazamento deste poço de petróleo. Na minha visão o alerta é vermelho e mostra o risco que os brasileiros correm com a exploração deste recurso natural feita sem planejamento e controle. Neste desastre o governo do PT só atua depois dos acontecimentos, mostrando que não acompanhava de forma preventiva a exploração de petróleo e não tem a atenção nem a regulamentos necessários em uma atividade de tamanho risco.

Depois da divulgação do desastre surgiram várias revelações de que a conhecida falta de rigor do governo é a mesma também nesta área. O Brasil acabou sabendo até de um Plano de Contingência Nacional contra o derramamento de óleo que nem sequer está regulamentado. O plano é previsto em lei de 2000, mas, passados quase nove anos de governo do PT, até agora sua implantação nem começou. Ou seja: não se cuida de nada num setor de alto risco e de grande peso na economia brasileira.

A discussão sobre Plano de Contingência Nacional que se mantinha engavetado apareceu de forma bem tímida no ano passado, quando ocorreu o vazamento da British Petroleum , a BP, no Golfo do México, que lançou no mar cerca de 60 mil barris de petróleo por dia durante quase três meses. Mas naquela época o governo do PT e seus seguidores ficaram preocupados em criticar o governo Obama e não houve continuidade na discussão do caso brasileiro. O pré-sal era também uma importante moeda eleitoral e precisava ser vendido como a redenção econômica do país.

É preciso lembrar também que vivemos no Brasil nesses quase nove anos um período em que a prevenção na área ambiental e a aplicação de leis e regulamentos sofre o menosprezo oficial e até ataques. O próprio ex-presidente Lula atacava de forma raivosa leis ambientais que, para ele, impediam o progresso econômico.

E hoje um setor tão decisivo e até crucial como o da energia está nas mãos do grupo do senador José Sarney, como resultado do loteamento político que o PT estabeleceu como forma de governo no país. O ministro é o senador licenciado Edison Lobão, que na sua posse no ministério de Minas e Energia confessou que até então acompanhava este assunto apenas pelos jornais.

Quando aconteceu o desastre nuclear no Japão eu escrevi uma série de artigos em meu blog, onde, entre outras coisas, alertava que Lobão era a garantia da segurança do projeto nuclear brasileiro. É claro que a escolha do ministro Lobão é apenas simbólica sobre a irresponsabilidade que governa o país. Seu chefe é Dilma Rousseff e o chefe anterior foi Lula. Mas o símbolo permanece: ainda é esta a única garantia.

O alerta vermelho do poço da Chevron continua apitando. Outros alarmes sobre diversos riscos estão por aí, muitos deles da mesmas cor do desastre da Bacia de Campos. E é preciso ver neste alerta também a necessidade da atenção de que este governo toca outros mega-projetos de grande risco na atualidade e especialmente para o futuro das novas gerações.

Um dos símbolos deste desatino governamental, que só pode ser explicado pelo interesse direto na dinheirama movimentada, é o da Usina de Belo Monte, um projeto com resultados terríveis em danos ambientais e sociais e de comprovada ineficácia na geração de energia.

O governo do PT também dá seguimento ao projeto nuclear implantado na ditadura militar No governo Lula retomaram a construção de Angra 3 e o PT mantém esta insana idéia de usar energia nuclear em um país com tantas outras fontes. O governo pretende ainda a implantação de outras usinas nucleares espalhadas pelo país, projeto mantido em compasso de espera depois do desastre nuclear no Japão, mas que sempre pode ser retomado. Às pressas e sem planejamento e controle, como é o estilo desse governo.
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POR José Pires

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