Apresento uma relíquia do mercado de consumo brasileiro: o copinho de iogurte de 200 ml. Aproveite enquanto é tempo. A Vigor é a última indústria que ainda não aderiu à norma geral de se aproveitar da desatenção do brasileiro para ganhar mais com menos conteúdo. O empresariado brasileiro vem fazendo isso em vários setores, diminuindo progressivamente a quantidade em produtos que tradicionalmente apresentavam determinado conteúdo.
A forma de engabelar o consumidor é vergonhosa. Primeiro apresentam um produto de fantasia relacionado à marca de sempre, porém com o conteúdo bem menor. Por exemplo, oferecem um iogurte com algum apetrecho ou suposta vitamina da mesma marca do produto tradicional. O conteúdo é menor. E logo depois diminuem também o conteúdo do produto tradicional. O método de enganar é perfeito, até porque as embalagens nada mudam.
E criou-se também nos copinhos esta inversão de valores tão brasileira, que torna extraordinário o que já foi regular. Hoje quem destaca o conteúdo são os que ainda mantém o tradicional copinho de 200 ml. Quem diminuiu o conteúdo tornou também bem menores as letrinhas que identificam a quantidade.
Hoje no mercado é muito difícil distinguir o conteúdo deste iogurte da Vigor das outras marcas (Nestlé, Batavo, etc.), todas elas com bem menos conteúdo, mas todas também com o preço parecido. Foi assim com papel higiênico e toalhas de papel, que foram perdendo metragem. Tem sido do mesmo jeito com tantos outros produtos brasileiros.
Dessa forma, o empresariado vai destruindo relações com o consumidor que levaram décadas para serem estabelecidas. E com essa atitude criam a exigência da intervenção do Estado onde já havia um processo natural muito bem definido. Se o livre mercado não tem bom senso para impedir esse tipo de corrupção moral, que venha o Estado.
Mas, por enquanto o governo só assiste ao engodo, sem normatizar de fato o que é oferecido ao consumidor. Não me espantaria se logo aparecer o litro de leite de 800 ml.
E um ou outro leitor pode falar também da dúzia de ovos de dez, mas aí infelizmente a brincadeira vem com atraso. No mercado brasileiro, já existe a dúzia de dez. E como nós aqui falamos e logo provamos, daqui a pouco eu mostro a foto.
.......................
POR José Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário