terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Brasil no caminho do domínio pelo mêdo

Uma coisa que me comove e que também dá medo pelo que significa para todos os brasileiros é a notícia de que o deputado estadual Marcelo Freixo vai deixar o Brasil em razão de uma série de ameaças de morte. Ele é deputado no Rio de Janeiro pelo PSOL. O PSOL é um partido de malucos, mas Freixo mostrou presidindo a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio que é um parlamentar sério e muito competente.

Exatamente por esta competência é que o deputado sofre as ameaças. A CPI que ele presidiu indiciou mais de 200 pessoas, muitos dos acusados de crimes são peixes graúdos da política e da polícia. Freixo sai do país aconselhado pela Anistia Internacional e a convite da organização, de uma forma que pode ser chamada de exílio.

Já é o segundo caso de exílio no governo petista, não é mesmo? O primeiro foi da família do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, que saiu corrida do país por ameaças de morte depois que o irmão do prefeito petista assassinado insistiu na retomada da investigação e acusou um abafamento das razões do crime, que ele julga que teve causas políticas.

Marcelo Freixo vai embora pelo fato do assassinato da juíza Patricia Acioli ter mostrado que o governo brasileiro não tem condições de garantir segurança para quem combate de forma conseqüente o crime organizado, especialmente as milícias armadas que gradativamente vão tomando conta de todos os estados brasileiros.

A juíza foi morta, o combativo deputado vai embora, mas, e nós, como ficamos? Esses casos alertam sobre a necessidade de medidas de precaução cada vez mais urgentes que deveriam hoje ser uma preocupação nacional. O poder das milícias vai ficando cada vez mais difícil de combater. Isso e não o câncer do Lula devia ser o assunto quente nas redes sociais.

A desgraça desses grupos paramilitares lembra muito uma poesia bastante conhecida que teve até durante muito tempo sua autoria creditada ao poeta russo Maiakóvski, confusão criada talvez pelo título do poema, que é “No caminho com Maiakóvski”. Mas o texto é na verdade do poeta brasileiro Eduardo Alves da Costa. O trecho é assim:

“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”

No caso dos bandos de criminosos paramilitares que vão tomando conta do Brasil, eles já estão bem próximos de nos roubarem a luz.
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POR José Pires

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