quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sujando boas causas

Quem conta é o poeta Carlos Drummond de Andrade, no ótimo e pouco lido "O observador no escritório", livro onde ele escreve em forma de diário sobre coisas que viveu de 1943 a 1977.

"Julho, 17 — Aurélio Buarque de Holanda, conversando comigo, refere-se a um de nossos intelectuais: "Assim como há o inglês e o francês básicos, há também, para ele, um vocabulário português semi-básico."

Drummond data essa conversa de 1958, um ano antes de eu nascer, mas esta espécie de intelectual prolifera hoje no país, especialmente entre a esquerda. Maltratam de forma dolorida até assuntos que exigiriam no mínimo algum cuidado com a escrita. Com a deformação profissional aprendida nas universidades (onde alguns até repassam tudo o que não sabem) eles trazem naturais e consideráveis falhas de caráter.

Depois da desmoralização feita em temas brasileiros essenciais, agora este pessoal do português semi-básico (vai mesmo na ortografia antiga) adentra a área da ecologia, trazendo o risco de que suas linhas traiçoeiras joguem também a ecologia na sarjeta encardida onde foi parar uma porção de assuntos que precisavam de discussão de qualidade.

Coisas assim até despertam a suspeita de que a oportuna dedicação à ecologia pode ser do agrado dos interesses poderosos que avançam sobre o meio ambiente com seus tratores. Nada melhor para demolir a respeitabilidade da ecologia do que os textos (a favor) feitos por estes agregados do poder. E se não estiverem sendo pagos pelo serviço é até uma injustiça, já que o resultado do que fazem é sempre a desmoralização de idéias.

Foi o que fizeram com a discussão da ética no país, um assunto que ao passar por suas linhas rotas virou obra de penico. Ah, mas para isso já está bem comprovado que foram pagos pelos esquemas corruptos.
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POR José Pires

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