segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Trocando as bolas

Chico Buarque não dá uma dentro na polêmica das biografias. É melhor o STF liberar logo o trabalho de biógrafos, até para que saia também uma biografia dele mais próxima da verdade. Logo de entrada ele atacou Paulo Cesar Araújo, o autor da biografia de Roberto Carlos, que de imediato divulgou gravações provando que ele havia dado um depoimento para a biografia.

Pegou muito mal, Chico pediu desculpas e com isso não fez mais que obrigação. Mas logo a babação idólatra que o cerca tentou fazer deste “mea culpa” mais uma de sua inúmeras qualidades. Mas aí já é tentar distorcer uma leviandade que podia ter destruído o livro escrito por Araújo e que Roberto Carlos conseguiu embargar, além de pedir uma alta indenização ao autor. Por coincidência (ou não, como diz o Caetano) Roberto Carlos quer exatamente acabar com Araújo e foi isso que Chico tentou fazer.

É claro que é justo que haja a suspeita de que o ataque veio de comum acordo com Roberto Carlos. O autor da biografia já afirmou que o Procure Saber traz argumentos iguais aos do processo contra ele feito pelo cantor. Também já se diz que uma condição da entrada de Roberto Carlos no Procure Saber foi que o grupo encampasse sua briga para censurar a biografia. Pode até ter sido coincidência, mas Chico foi na canela que o outro quer atingir.

Neste domingo Caetano voltou ao assunto em sua coluna em “O Globo” e trouxe mais uma tolice de Chico Buarque. Vem mais pedido de desculpas por aí. Na coluna, Caetano faz as costumeiras reclamações sobre a imprensa, os dois falando do jornalismo de fofoca do qual como figuras populares ambos são vítimas. Mas quem é que está discutindo a imprensa fofoqueira? Só eles, é claro. O tema do debate é o de biografias. Mas falando da revista Contigo e até lembrando da "Coluna da Candinha" eles reforçam a cantilena da “privacidade pessoal”.

Caetano e Chico estão evidentemente trocando mensagens o tempo todo e na sua coluna Caetano publica este trecho enviado pelo colega: “E a ‘Folha’ de hoje, ao dar a matéria em que respondo ao biógrafo do Roberto Carlos, suprimiu o parágrafo em que eu citava os esquadrões da morte na redação da ‘Última Hora’ de São Paulo, propriedade do Frias. E os censores somos sempre nós”. E aí Chico errou feio novamente.

O compositor confundiu feio as bolas, pois história de redação com ligação com a polícia durante a ditadura militar só existe envolvendo a “Folha da Tarde”, jornal que também foi do Grupo Folha, mas que já fechou. Mesmo esta história da “Folha da Tarde” sofreu ultimamente uma manipulação tremenda feita por petistas com a intenção de atingir a “Folha de S. Paulo”, um jornal do qual o PT e o governo não gostam. A manipulação é tão canalha que hoje em dia pode-se ver correndo na internet textos que já envolvem o próprio jornal no esquema ligado à repressão da ditadura, fazendo crer que isso era uma política de empresa, quando foi um acontecimento isolado que nada teve a ver com o jornal “Folha”. A novidade de agora é que Chico usa como alvo desse ataque a extinta "Última Hora", outro jornal que foi do Grupo Folha e que nada tem a ver com a história.

Se eu acreditasse no mito da eterna inocência de Chico Buarque até aceitaria que ele veio com esta história por descuido. Mas não caio nisso, não. Mas de qualquer forma, Chico errou de novo e desta vez se for pedir desculpas terá de ser para uma redação inteira.
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Por José Pires

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