sexta-feira, 4 de abril de 2014

A errata do Ipea

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), andou divulgando há poucos dias uma pesquisa sobre a violência contra a mulher e tratou o assunto de uma forma que criou polêmicas desagradáveis nas redes sociais. A pesquisa afirmava que 65% de brasileiros acha que “mulheres que mostram o corpo merecem ser atacadas”. A pergunta já é idiota porque não esclarece nada. É óbvio que tratado dessa forma o assunto só criaria confusão. Mas o que o Ipea divulgou hoje é ainda mais grave. Houve um erro na divulgação e na verdade apenas 26% e não 65% disseram sim à pergunta cretina. Ao contrário disso, 70% dos entrevistados discordam total ou parcialmente dessa besteira trazida pela Ipea.

Com a divulgação dos números errados houve um furor na internet, principalmente da parte de feministas histéricas que aproveitam qualquer pretexto para azucrinar o próximo. O Ipea atiçou também um comportamento que tem sido frequente na rede, que é o ativismo exibicionista. As pessoas passam a postar fotos com alguma besteira pretensamente criativa como forma de protesto. E como costuma acontecer nesses casos, quem tentou entrar na conversa usando do bom senso sofreu os ataques da militância.

Até a presidente Dilma Rousseff entrou na onda de indignação, mas neste caso não foi por ingenuidade. Essa pesquisa tem toda a cara de ter sido bolada para desviar a atenção de assuntos que têm causado problemas na imagem do governo. A notícia diz que o diretor da área social do Ipea, Rafael Guerreiro Osorio, já pediu exoneração. Mas na minha visão o problema não se restringe a uma pessoa. O problema é o modelo implantado pelo governo do PT no instituto, que até o final do governo de Fernando Henrique Cardoso cumpria a função de trazer bons estudos sobre a realidade brasileira.

Logo que foi eleito, Lula mudou toda equipe, que passou a ser chefiada pelo petista Márcio Pochmann. A partir daí o Ipea deixou de produzir estudos e pesquisas sérias e tornou-se mais um braço da propaganda política dos petistas. Nem é preciso se alongar para que se entenda o objetivo de Pochmann. Na eleição passada ele foi candidato a prefeito de Campinas. Ainda bem que perdeu a eleição, que serviu para mostrar sua falta de seriedade.

E apesar da chateação com as polêmicas que este erro feio havia provocado, ao menos ele serviu para mostrar de vez que o Ipea deixou de ser confiável. Os petistas desmoralizaram mais um importante órgão do governo, o que é sempre lamentável. Mas como ele tinha mesmo virado um difusor de propaganda política, tem o lado bom dele agora não servir mais de ferramenta para o PT usar nesses meses antes da eleição.
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Por José Pires

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