O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) vai fazer um governo itinerante no Rio de Janeiro. O nome do projeto pode parecer gozação, mas é “Gabinete do Povo”. Pezão está no governo do Rio em substituição a Sérgio Cabral, de quem foi vice. Já reeleito ao mandato anterior, Cabral teve que se desincompatibilizar para se candidatar a outra coisa. Ele ainda não decidiu, mas a exigência é para qualquer uma delas: deputado estadual, federal ou senador.
É obrigatório o afastamento do Executivo para a disputa de uma vaga no Legislativo, mas prefeitos, governadores e até o presidente da República podem ficar no cargo quando pretendem uma reeleição, esta péssima ideia que Fernando Henrique Cardoso teve quando foi presidente da República e a teve exatamente para disputar mais uma eleição sem sair do poder. Mas dessa herança maldita nenhum político reclama. Tanto é que já é a terceira vez que o PT faz uso do melhor gabinete que existe para uma campanha eleitoral no Brasil: o Palácio do Planalto. E o governador Pezão, que tem o Palácio Guanabara, vai lançar seu “Gabinete do Povo”, projeto no qual ele nem precisa tomar o cuidado de disfarçar a intenção marqueteira. A situação de Pezão, aliás, mostra mais um drible político na moralidade, pois um vice acaba saindo para o que na prática é um terceiro mandato.
Essa facilidade de fazer campanha eleitoral no poder trouxe mais uma dificuldade para que o voto do eleitor seja transformador de fato. Com todos os poderes fiscalizadores que aí estão, na teoria pode parecer não haver problema algum, mas o que acontece de fato é que hoje em dia o governante que se comportar com a devida honestidade acabará sendo prejudicado numa eleição. E todos sabem que da forma que é tolerado o uso da máquina pública nenhum político irá fazer um esforço para resistir à tentação.
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Por José Pires
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Imagem- Como se fosse num espelho, o então governador Sérgio Cabral beija o vice Pezão
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