As maracutaias de que é acusado o deputado André Vargas remetem a uma questão importante, que é a capacidade de avaliação da senadora Gleisi Hoffmann. Ela já revelou essa dificuldade recentemente no caso do petista Eduardo Gaievski, preso sob a acusação de estupro de menores. Ele é acusado de fazer sexo com meninas pobres da cidade onde foi prefeito pelo PT. Quando era ministra da Casa Civil, Gleisi nomeou Gaievski para trabalhar com ela, ao lado da sala da presidente da República, Dilma Rousseff. A amizade e a relação política entre Gleisi e Gaievski era antiga. O assessor especial da então ministra foi preso pela polícia quando estava no cargo, trabalhando no Palácio do Planalto.
E agora aparece este escândalo nacional que envolve o deputado André Vargas com o doleiro Alberto Youssef em transações que a Polícia Federal afirma serem muitos graves. Em matéria publicada na terça-feira, a revista Veja diz que a Polícia Federal acredita que “Vargas faz parte de projetos de Youssef e usa sua influência no governo em benefício do parceiro”. O doleiro já esteve envolvido no chamado “Escândalo do Banestado”, o ocorrido entre 1996 e 1997, que teve remessa ilegal de divisas para o exterior de US$ 30 bilhões. Youssef e Vargas são de Londrina, no Paraná, onde começou a amizade entre os dois.
Acontece que Vargas é o homem mais poderoso na candidatura de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. Isso mesmo: sua pré-campanha tem na direção um deputado que usa jatinho pago por doleiro preso. Desde o início do governo Dilma a senadora e o deputado exercem uma intensa parceria em suas atividades políticas pelo interior do Paraná. Gleisi e Vargas andam juntos pelo interior do estado entregando aos prefeitos motoniveladoras, caminhões e outros maquinários oferecidos pelo governo do PT de forma deslavadamente clientelista. Isso é uma prática de Dilma com os políticos de sua base aliada. Usam para isso o “Minha Casa, Minha Vida” e até universidades públicas. O partido fez do clientelismo uma política de Estado.
É claro que as acusações contra André Vargas ainda estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Cabe ao petista explicar tudo, mas o que ele disse até agora não convenceu ninguém. Porém, já existe a comprovação do voo fretado usado gratuitamente. A viagem do deputado com a família para João Pessoa no jatinho particular custou 100 mil reais, pagos pelo doleiro. Logo que estourou o escândalo o petista tentou despistar. Ele disse inicialmente que pensava ser uma carona e inventou também que pagou o combustível — R$ 20 mil. Ontem em discurso na Câmara ele finalmente admitiu que usou jatinho pago pelo doleiro. E assumiu também a longa amizade de 20 anos com Youssef. Antes, Vargas dizia que não o conhecia.
Temos que ficar aliviados com a operação da Polícia Federal, que descobriu tudo e prendeu o doleiro Youssef e também agradecer à imprensa por ter revelado o voo fretado de 100 mil reais dados de presente ao deputado petista. Se isso tudo não viesse a público os paranaenses ficariam sem informações muito importantes para suas vidas. Hoje André Vargas é líder nacional do PT e tem muita força na candidatura de Gleisi Hoffmann. Se ela for eleita governadora, o Paraná terá como um dos homens mais poderosos de seu governo um político com esse tipo de amizade.
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Por José Pires
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