quarta-feira, 16 de julho de 2014

A derrota do "ame-ou ou deixe-o" do PT

Que o governo do PT é incompetente já é um fato conhecido. Os problemas se acumulam e as dificuldades vão além do limite do razoável, em razão da falta de reação do poder público. Até com questões muito graves já se convive como se fossem dramas naturais do cotidiano. Isso acontece, por exemplo, com os absurdos 50 mil homicídios e os mais de 50 mil estupros anuais sendo absorvidos como se fossem estatística fria. Este conformismo do brasileiro com a desgraça advém da falta de confiança na capacidade desse governo em várias áreas. A novidade que apareceu agora é que os companheiros também não sabem nada de futebol.

O governo do PT pretendia fazer dessa Copa do Mundo um instrumento para atingir dois propósitos favoráveis à reeleição de Dilma Rousseff. Primeiro, obviamente queriam faturar com a vitória do Brasil. Mas esta vitória serviria também para manipular a animação popular, usando-a como escudo contra as críticas à falta de eficiência do governo e a ausência de respostas aos problemas que explodem em todos os cantos. Antes do início da Copa eles já vinham utilizando de forma agressiva esta tática, na tentativa de desqualificar as críticas à desorganização e ao mau uso do dinheiro público. A presidente Dilma Rousseff e Lula fizeram uma dobradinha para tachar qualquer questionamento como “catastrofista”.

Numa eleição com um dos candidatos buscando a reeleição é evidente que sucesso dos demais postulantes depende diretamente da insatisfação do eleitor e para isso é preciso que a oposição aponte os defeitos do governo. Ora, um governo colado ao sucesso de um time numa Copa do Mundo tem uma blindagem perfeita, ainda mais quando isso acontece tão próximo da hora do voto.

Na falta de argumentos políticos e administrativos para se contrapor às críticas, a conquista da taça serviria como um instrumento para desqualificar a exigência do debate sobre os problemas nacionais. Para abafar os erros, a incompetência e a corrupção usariam o escudo da Seleção Brasileira. Eles já vem tentando há bastante tempo tachar qualquer questionamento como fruto de ressentimento ou opinião de pessimistas. Para isso usam militância treinada e profissionais de propaganda e comunicação que infernizam a internet.

Com maquinações desse tipo o governo e o partido podem ser confundidos com o Estado e a própria Nação. É uma jogada canalha e já foi usada por regimes totalitários como o nazismo e o comunismo. No Brasil, isso também foi feito pela ditadura militar, com a conquista do tricampeonato mundial em 1970. O “ame-o ou deixe-o” da ditadura teve como suporte o escrete verde-amarelo. Na época, críticas de brasileiros que lutavam pela democracia no país também eram classificadas como pessimistas e contrárias ao Brasil.

O PT tentou fazer algo parecido. Com o governo colado ao sucesso da seleção de Felipão e Neymar as críticas poderiam ser dribladas até bem perto da eleição. Já deviam ter para isso até material pronto que teve que ser engavetado. O marketing parecia tão eficiente que Lula não se conteve e soltou em discurso numa plenária do PT a famosa frase: "Para a desgraça deles, o Brasil vai ser campeão do mundo no dia 13”. Olha o dia que eles arrumaram para a decisão. Porém, o deslize tipicamente lulista atropelou o andamento da maquinação, que exigia um ambiente favorável para dar resultado. Dilma fazendo o “É tois” e outras palhaçadas também foram antecipações arriscadas, aí já decorrentes da manifestação mal calibrada de Lula.

Com isso, os companheiros mostraram que de futebol eles também não entendem. Não servem nem pra dar palpite em bolão. Na ditadura o Brasil tinha um timaço. E agora, desde o primeiro jogo dava pra notar sérias deficiências nesta seleção. O único fator imprevisível foi o número de gols que tirou os brasileiros da disputa do primeiro lugar e demoliu o plano petista de fazer da conquista desta Copa do Mundo uma facilitação para continuar no poder.
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POR José Pires

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