quinta-feira, 17 de julho de 2014

Trazendo conflito pra casa

A esquerda brasileira parece que raciocina por espasmos. De uma hora pra outra surgem com um tema novo, conforme o interesse político do momento. Assuntos vão e vem, alguns deles sumindo sem explicação. Foi assim, por exemplo, naquele escarcéu com a situação política de Honduras, quando alçaram a condição de grande estadista progressista mundial a figura ridícula de Manuel Zelaya com seu chapelão e os pés sobre os móveis da embaixada brasileira na capital daquele país. Foi uma bandeira que esqueceram rapidamente, mas Honduras está na mesma. Fiel ao seu estilo coronelista, Zelaya tentou depois emplacar a própria mulher na presidência da República e se deu mal. Deve estar hoje cuidando de suas fazendas. Mas e a preocupação da esquerda com Honduras, onde foi parar?

Foi pra junto de tantos temas levantados por eles e logo abandonados, numa sucessão vertiginosa e repleta de incríveis bate-bocas políticos. Não existe absolutamente nenhum centro em seu pensamento. Sem aprofundar nenhum assunto vão sendo levados pela conveniência, na maioria das vezes só eleitoral. Os temas não têm continuidade, como também nunca tiveram um valor essencial de origem que os justifique. O assunto some sem deixar nenhuma informação ou conhecimento que compense os lamentáveis ataques e cômicas acusações. De um dia pro outro você pode ser tachado de direitista só porque tem a opinião de que a ditadura de Fidel Castro ou qualquer outro governo não têm o direito de ficar com o salário de seus cidadãos que trabalham no exterior. É uma cabeça política de maluco. Tirando as marcas de origem, como o totalitarismo e a dificuldade de lidar com o livre arbítrio, é muito difícil saber exatamente o que é um esquerdista. Talvez nem eles saibam quem são de fato.

No momento são os palestinos que estão no papel que era de Zelaya e de tantas outras histerias militantes. O assassinato de três garotos judeus, depois de um sequestro do qual o governo israelense acusa o grupo Hamas, levou à retaliações de Israel. E de imediato a esquerda brasileira estava brandindo armas em defesa de um dos lados. É verdade que faz isso bem longe de qualquer terreno onde possa cair um míssil, mas sua sanha com as palavras é parecida a de um jihadista enfurecido. A esquerda tem só um lado em um conflito com raízes muito antigas e sobre o qual a melhor posição é a de observador independente. As vítimas inocentes de ambos os lados teriam muito mais a ganhar com isso.

Mas todo esquerdista brasileiro é um palestino de carteirinha e trata com um raciocínio de torcedor de clube uma questão complicada, que envolve tantos interesses e se estende em raízes antigas e extensivas a todos os países daquela região, com uma diversidade de culturas que não há tempo de vida suficiente para entender. E algumas dessas culturas misturam religião e política, com uma violência cotidiana que é melhor nem chegar perto, quanto mais fazer uma parceria ideológica com o risco de trazê-las para perto de nós.

Como a leviandade não tem limites, dentre a carrada de pautas políticas risíveis tem também o perigo. Na última terça-feira, um grupo auto-intitulado “Palestina Para Todos” fez uma manifestação a favor dos palestinos em São Paulo. O nome do lugar: Praça Cinquentenário de Israel. A provocação é até grotesca. O grupo queimou uma bandeira de Israel e teve até tiro pro alto, disparado por um PM depois que os manifestantes avançaram contra a polícia. E isso aconteceu no Brasil, um país que tem como qualidade exatamente a convivência pacífica entre as etnias. É nessas horas que eu acho que cabeça de esquerdista fica melhor com o chapelão do Zelaya.
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POR José Pires


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