quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O selfie da submissão ao poder

O líder militante Pablo Capilé apareceu numa cena fazendo um selfie com o ex-presidente Lula. Ninja ma non troppo, alguém poderia apressadamente dizer, mas estaria errado. É ninja mesmo, porque historicamente o ninja sempre esteve a serviço de algum grande senhor no Japão feudal. Ao contrário do mito que faz muita gente acreditar que o ninja agia individualmente, apoiado numa ética pessoal, esses guerreiros na verdade eram mercenários que faziam o serviço sujo, sem nenhuma regra de respeito ao adversário. Agiam infiltrados, praticando espionagem e sabotagens e atuando como provocadores.

Logo que a chamada "imprensa ninja", liderada por Capilé, apareceu fazendo alarde nas manifestações de julho várias interpretações erradas criaram ilusões sobre esses bandos, a começar por uma suposta novidade criativa na forma deles produzirem seus vídeos. O que havia ali era apenas um serviço tosco, com edições malfeitas e uma dificuldade técnica muito grande com o texto jornalístico. A forma de filmagem, buscando apresentar cenas de rua mais espontâneas, dando um teor mais real ao assunto, isso já é muito velho. Já era feito há muitos anos no Brasil, quando só existia a televisão aberta. O recurso da "câmera na mão" já era utilizado no início da década de noventa, no programa jornalístico diário 'Aqui Agora". Enfim, não havia novidade e mesmo assim aquilo foi tratado como se fosse uma grande invenção dos tais "ninjas". Outro erro foi ver a "imprensa ninja" como atividade de pessoas completamente independentes. Logo foi revelado que Capilé tinha negócios com o governo, ganhando bastante dinheiro por meio da Ong que dirige. Eram chapas-brancas fingindo imparcialidade.

As sabotagens que eram feitas pelo ninjas do Japão feudal também aconteceram nas manifestações brasileiras. Foi exatamente esse o resultado da ação dos "ninjas" liderados por Capilé nos protestos de rua ocorridos há meses. Para esta desmobilização agiram em conjunto com os black blocs, que eram tratados como heróis em suas filmagens. Hostilizando a imprensa e dando um tom radical às manifestações, esses "ninjas" criaram um clima que impossibilitou totalmente as manifestações pacíficas que vinham crescendo e fatalmente iriam atingir o governo do PT e seus planos para a reeleição de Dilma Rousseff. O selfie feito com Lula, com quem Capilé demonstra até uma certa excitação emocional nesta foto, é apenas a imagem da subserviência do falso radical a um grande senhor.
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POR José Pires

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