segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Do lado de cá

Foi até engraçado ver Dilma Rousseff em seu primeiro discurso como eleita “conclamando” os brasileiros a se unirem, mas ela mesma sem paciência alguma nem com a militância petista presente que interrompia seu discurso com uma animação natural nessas ocasiões. Como não precisa mais ganhar voto, de dentro daquele doce de pessoa da campanha na TV já começa a ressurgir a velha Dilma de sempre. Mais um pouco e era capaz dela mandar os alegres companheiros tomar naquele lugar que agora parece que virou moda mandar a própria presidente da República. Dá até medo de ser feliz perto dessa presidente. Os desportistas vão ter ainda mais oportunidades para falar o palavrão nos próximos quatro anos, se é que o próximo mandato vai durar tanto.

Mas todo mundo sabe que o chamamento à deposição de armas é lorota. Animados como estão com a vitória conquistada pisando nas regras e nas pessoas, é capaz até que sejam estimulados a avançar em seu terrível projeto. E esse apelo à paz funciona no discurso também como uma enganação, pois dá a impressão de que existem dois lados em conflito, quando se sabe que as porradas sempre vieram de cima, dos que detém o poder e incitam sua militância, que já está chegando bastante próxima da violência física. As calúnias, difamações e tantas grosserias usadas como intimidação já estamos recebendo desde o governo Lula. Não foram ânimos exaltados numa eleição, coisa nenhuma. É agressão medida, planejada para tirar de cada cacetada uma vantagem política.

Da minha parte, mantenho-me do lado oposto, numa posição que faço questão que seja clara inclusive para eu não ser confundido com políticos capazes de baixezas lamentáveis e até de deslealdades com seus próprios companheiros. A divisão do país é muito forte, mas não é da forma que se corta uma laranja, com uma metade para cada lado. Não é Norte e Nordeste pra lá e o Sul e Sudeste pra cá. Isso não existe nem na contagem total dos votos, que dá em muito mais da metade do país que não votou no PT. A divisão real me coloca do lado dos que não compactuam com o roubo ao dinheiro público, a demagogia que faz uso da pobreza e o desrespeito à democracia. Tem também o papel vergonhoso do país no exterior, apoiando ditaduras e pedindo às outras nações acenos de paz a terroristas que cortam cabeças de jornalistas. Tem a incompetência até nas menores responsabilidades no governo. São muito fortes os motivos para permanecer neste lado de cá, onde estão os que não gostam de golpes abaixo da cintura e nem de golpes nos cofres públicos. Somos milhões de brasileiros de todos os cantos do Brasil que pensam assim, mas mesmo se existissem apenas três pessoas neste lado, eu estaria nesta trinca e não junto a este esquema indecente de poder que infelizmente terá um novo mandato.
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POR José Pires

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