segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Máquina de acender postes

É claro que vai depender do leitor ter juízo, mas nesta eleição poderemos ver finalmente desmoralizado o suposto dom do ex-presidente Lula de eleger quem ele quer. A fama desse talento do Lula é um despropósito de uma eficiente máquina de propaganda política e da desatenção da imprensa, que deixa de apresentar de que forma o PT vem alcançando vitórias nesses intermináveis doze anos.

O PT criou uma máquina de ganhar eleição presidencial, comandada sem nenhum escrúpulo moral e sem que seus movimentos tenham a fiscalização e o controle legal da Justiça. Vale tudo para eles, que passam quatro anos fazendo campanha e atacando os adversários. Agora nesta eleição soube-se que eles usam até os Correios para entregar cuidadosamente os panfletos de postagem ilegal de seus candidatos e jogar no lixo o material dos adversários postado dentro da lei.

E tenho que apontar que antes de Lula ganhar sua primeira eleição e seu partido se apossar da máquina do Estado eles passaram mais de dez anos fazendo a mais longa campanha eleitoral que já existiu neste país. Uma campanha fora de seu tempo legal, com Lula andando por todo o país e montando seus palanques. E a imprensa ainda facilitava, noticiando aquilo como se fosse uma admirável ação cívica. Pra essa campanha deram até o nome pomposo de "Caravana da cidadania".

Por detrás de cada vitória do PT tem este trator passando por cima de regras morais, da lei e até do bom senso. Tem muito dinheiro também. Montam até o quadro eleitoral que facilita a disputa do jeito que eles precisam. Nesta eleição só não conseguiram aliciar Eduardo Campos, cuja candidatura prosseguiu com Marina, mais por uma valentia pessoal dela porque se dependesse de alguns caciques do PSB a eleição acabaria na queda do avião que matou Campos.

É claro que se não houvesse sem um terceiro candidato forte aumentaria muito a chance de Dilma ganhar no primeiro turno. Com tudo armado desse jeito qualquer candidato um ganharia a eleição. As vitórias do PT não são alcançadas por um carismático dom capaz de eleger um poste. O sucesso do partido se deve mais ao poder que eles têm de desligar a energia do próprio processo eleitoral, impedindo que a disputa seja democrática. Tentaram fazer mais que isso, com o mensalão. Felizmente se deram mal, mas com o mensalão teriam um controle absoluto da política e seu projeto de perpetuação no poder seria imbatível.

Nesta eleição o PT pode tomar na sua cabeça autoritária definitivamente. Já tiveram uma boa lição em São Paulo, onde o poste de Lula não acendeu. A derrota do ex-ministro Alexandre Padilha na eleição estadual foi um exemplar fiasco de Lula, que esteve à frente daquela campanha, de tal forma que o próprio candidato parecia ser seu vice. E agora com a candidata à reeleição para a presidência da República podemos ter outra bela lição de uma democracia ainda precária, mas mantida com brio por uma parcela de brasileiros admiráveis. Essa brava gente pode apagar o derradeiro poste do Lula, trazendo uma uma outra luz de que o nosso país precisa muito.
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POR José Pires

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