sábado, 4 de outubro de 2014

Pagando pra ter prejuízo

Desta eleição para presidente vai ficar um questionamento muito importante vindo da participação dos pequenos partidos pequenos nos debates eleitorais da televisão. Não é nenhuma questão trazida por eles. O problema, que na minha visão devia merecer mais atenção da sociedade civil, é a forma da participação deles na política. Para começar, são todos partidos sustentados por verbas públicas e não é pouco o dinheiro que recebem do Fundo Partidário, mais um nomezinho cujo significado final é o de tirar dinheiro do bolso do contribuinte. O extremista PSTU, por exemplo, recebeu no ano passado R$ 772.404,41. O partido felizmente está fora dos debates da TV, mas tem candidato a presidente. É o mesmo Zé Maria, candidato pela quarta vez. O PSTU já completou 20 anos e nesse longo período não elegeu nenhum deputado federal, nunca soube-se de nenhuma prefeitura administrada por eles e obviamente jamais tiveram alguém eleito para o Senado ou governo estadual.

O partido vive do Fundo Partidário, uma dinheirama numa estrutura minúscula cujas ações só aparecem quando sua militância está envolvida em badernas na rua ou em agressivas ações de diretorias de sindicatos. O PSTU tem seu cacique, o Zé Maria que é candidato que nem pontua em toda eleição. Mas esta é a regra de todos os partidos pequenos. São propriedades de um pequeno grupo, sendo que alguns parecem ter apenas um dono, como é o caso do minúsculo PRTB, de Levy Fidelix. Esta sigla de um homem só recebe R$ 110 mil todo mês. E sem dúvida alguma, Fidelix não vê problema no excretor da grana jorrada em seu partido.

O partido de Luciana Genro recebe exatos R$ 313.598,70 por mês, sem que eles apontem nenhum culpado dessa sangria nos cofres públicos. Todos os partidos aprovam este fundo e olha que no Brasil temos 32 siglas mamando na teta. Mas a maioria dos partidos tem ao menos o mérito do respeito ideológico a este sistema que os sustenta. A maior contradição é a subvenção estatal a partidos extremistas como o Psol, o PSTU e outros intolerantes ainda menores que esses dois. Na prática, é o estado democrático financiando seus próprios demolidores.

E devido ao ridículo da argumentação e postura dessa gente, os brasileiros vão deixando passar as grosserias verbais desses extremistas e até as violências promovidas por seus partidos, como se viu meses atrás nas manifestações de rua em que até morreram pessoas. A reação é sempre uma observação ligeira, como acontece com as performances de uma figura como a candidata Luciana Genro: “Ah, mas é tão cômico que nem vale a pena ocupar-se dela”. E aí está um erro de análise que já custou muito caro na vida de outros países.

Figuras políticas agressivas como Luciana costumam ter da sociedade um menosprezo que não leva em conta seu potencial risco para a democracia. E esta condescendência pode contribuir para que eles ganhem um perigoso vigor político. No início da implantação do comunismo na União Soviética o ditador Josef Stálin era apenas uma figura menor da revolução que derrubou o czar russo em 1917. Não tinha dimensão política e intelectual comparável à capacidade de um Bukharin ou de um Trótski e de tantos outros camaradas que ele foi derrubando pouco a pouco e depois mandando matar. Foi a desconsideração do perigo representado pela figura antes obscura de Stalin que criou as condições aproveitadas por ele para o massacre interno no comunismo e a submissão de um imenso país a um regime criminoso, que inclusive ocupou militarmente países europeus. Na década de 30 sua mão assassina chegou a alcançar o Brasil, por meio de lacaios locais.

É claro que não estou dizendo que Luciana Genro vai implantar o stalinismo no Brasil. Ela não tem capacidade para tanto (epa, olha aí até eu caindo neste descuido). O risco maior está em toda a estrutura que ela representa e que não vem apenas da ação política que seu partido permite que seja vista. Já deu para perceber nos recentes protestos de rua o estrago que alguns gatos pingados podem fazer numa democracia, mas suas ações encobertas acontecem também em sindicatos, nas Ongs, nas universidades e em qualquer lugar onde possam plantar sementes destrutivas que podem acabar com a democracia. E, como eu já disse, nós até estamos pagando para eles fazerem isso.
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POR José Pires

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