terça-feira, 18 de novembro de 2014

O mais do mesmo, de onde só se espera isso mesmo

De onde a gente menos espera é que não sai nada mesmo. Esta famosa "Lei de Murphy" serve muito bem para a avaliação das atitudes de todo petista graúdo, uma espécie que costuma às vezes dar a impressão de que de repente vai assumir um papel mais digno na política, mas a esperança dura pouco: logo tudo volta ao que era. É aquela velha história da posição "irrevogável" que de um dia para o outro é revogada pelo companheiro que parecia que estava para tomar vergonha na cara, como se viu com o Aloizio Mercadante.

Tem também aquele acesso de honradez que um dia aconteceu com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Em 2010, no final de seu mandato como deputado federal, ele anunciou que abandonaria a política. Disse então que estava desgostoso com as “práticas não republicanas” da política. Mas quebrou a cara quem acreditou nele, por não conhecê-lo direito. Cardozo não só ficou na política como envolveu-se ainda mais nas estruturas do poder. Foi coordenador da campanha de Dilma Rousseff à presidência da República – quando era chamado por ela de um de seus “três porquinhos” – e depois assumiu a pasta da Justiça. E está aí até hoje, com o estômago tinindo, agora sem nojo algum da política.

Outra situação parecida foi a de Tarso Genro, que logo quando estourou o escândalo do mensalão, em 2005, saiu dando entrevista falando da necessidade de uma reforma política interna no PT. Ele chamava isso de “refundação” do partido. Na época ele disse que o partido ia punir cada um dos envolvidos em corrupção. Mas, como se sabe, Genro não refundou nada e os mensaleiros foram tratados como heróis na porta da cadeia. Logo depois ele pegou o ministério da Justiça e foi leniente também com o crime comum, permitindo a explosão de violência que resultou no alto nível de violência e crimes que o Brasil sofre hoje em dia. O “refundador” estava muito ocupado na época defendendo o terrorista italiano Cesare Battisti e fazendo a crítica do sistema de Justiça da Itália. Entre essas tarefas, também mandava de volta pra Cuba gente desesperada que queria asilo no Brasil para fugir da ditadura castrista.

E nesses dias tivemos outro ataque de consciência, vindo da ex-ministra Marta Suplicy, que pediu demissão do cargo com uma carta em que dizia que Dilma Rousseff comandou até agora um governo incompetente e sem credibilidade. Parecia coisa séria e por isso teve até quem pensasse que iria desabrochar na senadora paulista um espírito de indignação com o descalabro que todos estão vendo que tomou conta do governo do PT. Porém, murchou o ímpeto cívico de Marta. Gozado, ela já relaxou. Nesta terça-feira ela reapareceu no Senado, dizendo que sua carta altamente crítica é “página virada” e que vai arregaçar as mangas para defender como senadora o governo Dilma. Não quer mais falar desse assunto quente. Como se vê, mais uma vez comprovou-se a regra onde parecia que havia uma exceção. De onde nada se esperava foi exatamente isso que veio.
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POR José Pires

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