quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O esqueleto no armário do PT

Todo partido tem seus "esqueletos" no armário, mas nisso o PT não é um partido igual aos outros. Só o PT tem um de verdade, o caso de sequestro, tortura e assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, morte muito suspeita ocorrida há mais de dez anos e que nunca foi resolvida. Como já deve ser do conhecimento geral, nesta terça-feira o STF anulou o processo e agora a investigação do crime terá de ser refeita. O prefeito petista foi morto em 2002 e a causa do violento crime teria sido sua discordância com o desvio que estavam fazendo com propinas praticadas na sua administração, em Santo André. O dinheiro vinha sendo arrecadado de empresários para o caixa da campanha presidencial do PT, mas parte do suborno estava sendo embolsado por algumas pessoas. Daniel teria chiado sobre este desviou e daí virou arquivo apagado. Outras sete pessoas com relação com o crime foram assassinadas no decorrer da investigação policial. Até o garçom que serviu Celso Daniel no último jantar que ele teve com Sérgio Sombra, acusado de ser o mandante do crime, foi morto a tiros cerca de um anos depois.

A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) afirma que a cobrança de propina na prefeitura comandada pelo petista durou cerca de dois anos e era feita mensalmente. A deputada teve um conhecimento direto desta extorsão. Seu pai era um dos empresários forçados a pagar propina. Já está famoso um vídeo postado na internet, em que Gabrilli numa sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado acusa diretamente o ministro Gilberto Carvalho de recolher pessoalmente o dinheiro sujo.

As palavras dela: “O senhor sempre foi conhecido como o homem do carro preto. Era a pessoa que realmente pegava essa coleta de dinheiro extorquido de empresários e levava para o capo, como era conhecido o José Dirceu. Isso eu não li. Isso eu vivenciei”.

Agora, oficialmente está de volta o Caso Celso Daniel. Acompanho este crime desde que ele aconteceu e o que sempre me surpreendeu é que, sendo muito amigos do ex-prefeito assassinado, o normal seria que os dirigentes do PT se empenhassem para que o caso fosse investigado profundamente. Daniel era para ser o coordenador da campanha vitoriosa de Lula para presidente da República, sendo uma das figuras mais próximas do ex-presidente. Era amigo inclusive do ministro Gilberto Carvalho, que foi seu secretário municipal. Com essa ligação fraterna não era para eles exigirem o máximo rigor nas investigações?

Pois fizeram o contrário. Pressionaram o tempo todo para que as investigações da polícia fossem encerradas o mais rápido possível, fechando o inquérito como crime comum. As conversas telefônicas gravadas em grampo pela polícia são horripilantes. Até o ministro Carvalho, poderoso em todos os governos do PT, desde o primeiro mandato de Lula, aparece nessas conversações articulando formas de amenizar o conteúdo das investigações. O caso Celso Daniel tem essa contradição desde o começo. O partido mais exigente com os adversários em qualquer probleminha que aparece fez de tudo para evitar qualquer aprofundamento numa investigação exatamente sobre a morte violenta de um alto dirigente petista.
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POR José Pires

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