sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Opostos que se atraem


Ninguém de bom senso precisa de um bate-boca entre a deputada Maria do Rosário (PT-RS) e o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) para ter rejeição pelo deputado carioca. Bolsonaro é um político de discurso raso, com opiniões de cunho altamente violento e até desumanas. Já faz tempo que ele percebeu o potencial eleitoral de determinados assuntos, especialmente quando são armadas polêmicas que se replicam na internet. Seu discurso é tosco, mas ele sabe encontrar pontos que tocam diretamente no medo das pessoas e no preconceito, principalmente contra os homossexuais. O deputado também encontra em opositores um meio de cultura que favorece bastante na construção da sua popularidade. Bolsonaro bate uma bola legal com políticos esquerdistas e grupos de esquerda que fazem um jogo parecido ao dele, com a única diferença na posição política ao revés. Todos eles gerenciam de forma oportunista suas carreiras, criando polêmicas ao agrado de suas bases eleitorais. Os nomes do deputado Jean Wyllys (Psol), de Jandira Feghali (PCdoB) e da própria petista Maria do Rosário são referências desta estratégia de fazer da política um bafafá lucrativo.

O marketing do qüiproquó dá votos e poder. Bolsonaro foi o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro, com 464.572 votos, número que o coloca entre os mais votados em todo o país. Além disso, o deputado é chefe de um próspero clã familiar, com um filho Assembleia Legislativa e outro na Câmara Municipal do Rio, ambos bem votados. Do outro lado, os políticos de esquerda também faturam com a encenação em conjunto com Bolsonaro. Jean Wyllys teve cerca de 13 mil votos na eleição de 2010, uma votação ridícula que não bastaria para que ele fosse para a Câmara Federal. Naquele ano, virou deputado graças à grande votação do colega Chico Alencar, cacique de extrema esquerda que manda no Psol. Jandira Feghali também usufrui do jogo. Foi entrando em polêmicas parecidas que fortaleceu sua carreira no plano nacional. É deputada federal pelo Rio e as discussões que arruma têm a dupla função de atrair o foco da imprensa para si e também a de desviar a atenção das tantas maracutaiais em que seu partido está sempre metido.

Já Maria do Rosário também leva o seu naco de votos com tantas encenações. Esta não é a primeira em que ele se envolveu. Atuando na área das minorias e no que deveria ser a defesa dos direitos civis, a deputada sempre está buscando uma controvérsia pública. Uma bandeira que ela agita freneticamente é a da defesa das mulheres. Ocorre que ela foi ministra dos Direitos Humanos no governo Dilma Rousseff, um período em que no Brasil cresceu de forma assustadora a violência no geral, com um efeito terrível diretamente sobre as mulheres. O último número que se sabe é o de mais de 50 mil estupros no ano. E estupro é só o ponto culminante do cotidiano de pressão que pesa sobre as mulheres em nosso país. Hoje em dia a população brasileira vive em regime oficioso de toque de recolher, provocado pelo medo da violência. E as mulheres e crianças são os que mais são tolhidos em seu direito de ir e vir. Nesta condição lamentável a que ela e seu partido conduziram o nosso país não é possível levar a sério nada que a deputada Rosário diga em defesa das mulheres.

Em razão do conteúdo tosco de suas falas e do oportunismo indecente de cada um, Rosário e Bolsonaro se merecem. Quem é que pode ser a favor da besteira dita por Bolsonaro no Congresso, quando condicionou a violência do estupro à beleza física de uma pessoa? Só se estiver no nível dele. Mas acontece que esta fala lamentável vem de uma briga anterior, provocada pela própria Rosário, que interrompeu uma entrevista do deputado, chamando-o de estuprador. Isso pode ser visto em vídeos na internet. Depois ela tentou fazer da confusão uma discussão de gênero, buscando dar à triste baixaria entre os dois a qualificação de luta feminista em que ela seria a grande combatente. Ainda bem que esse tipo de manipulação já se desmoralizou, depois de muito uso feito pelo PT. Bolsonaro é grosseiro e isso ele faz até questão de divulgar. Então, quem procura briga com ele da forma feita pela deputada petista não está querendo esclarecimento de nenhum assunto e muito menos buscar um resultado de qualidade em debate algum.
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POR José Pires

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