sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Pacifismo ao gosto do terror

Dentre a porção de equívocos que se lê sobre o atentado na redação do jornal Charlie Hebdo, uma delas é a mais perigosa porque traz a tendência de criar um clima ainda melhor para que o terrorismo prolifere: é a afirmação de que toda violência é condenável. Esta visão costuma aparecer também em assuntos locais, quando o crime comum recebe a mão pesada da polícia ou em ocasiões em que aparece a ação de parlamentares mais conscientes de que situação limite a que chegamos exige leis mais rigorosas e até mesmo (no Brasil, é claro) que sejam aplicadas de fato as que já existem.

Nem toda violência é condenável. Bombardear pesadamente terroristas islâmicos que dominam territórios onde aplicam leis bárbaras e matam sem piedade outras pessoas apenas porque elas seguem religiões diferentes, essa violência não é condenável. Criar leis mais severas, retirando para celas fortes pessoas que dão guarida aos que praticam os crimes, isso não é violência. Exigir que refugiados ou imigrantes sigam com rigor os costumes e leis dos países que generosamente os acolhem, isso não é violência. Exigir por meio de leis locais responsabilidade de comunidades islâmicas sobre o comportamento de seus membros e punir com rigor o incitamento à violência (mesmo que por meios "moderados") feito por supostos religiosos, isso não é violência. E por aí vai, numa lista que deve incluir repressões severas que o terrorismo exige, inclusive deportações de quem nas sombras é cúmplice de crimes enquanto em seu cotidiano finge moderação. Nada disso é violência. É apenas a defesa de uma forma de vida que levou séculos para ser instituída e agora vem sendo atacada à traição e covardemente, com uma crueldade sem limites.

O pacifismo costuma ser usado para encobrir crimes políticos, sendo uma parte essencial da estratégia do terrorismo o uso da boa fé das pessoas para que não caia sobre eles a mão do Estado da forma mais pesada. Com as novas tecnologias de informação, essas táticas hipócritas se estenderam ainda mais. Basta dar uma olhada na internet a quantidade de criminosos políticos tratados como se fossem combatentes valorosos pela democracia, a favor de uma religião ou defensores dos direitos de um povo. É preciso ser respeitoso com o próximo e manter os direitos que as democracias ocidentais conquistaram, disso não tenho dúvida. Mas no caso do terrorismo e da tentativa da imposição do islamismo como uma religião dominante no mundo – passando violentamente sobre a cultura alheia e os direitos democráticos de países que nada tem a ver com chamadas "leis de Maomé" –, aí não tem outro jeito senão confrontar este perigo como sendo a mais perigosa ameaça política da atualidade para a humanidade.
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POR José Pires

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