O PT perdeu a mão já faz bastante tempo da forma democrática de fazer
política. A casta que foi dominando o partido gradativamente acabou
criando neste percurso uma máquina que vinha funcionando apenas se
tivesse o apoio de farta dinheirama e o poder político que
possibilitasse arranjos na formação de imensa aliança de partidos a cada
eleição. Desse jeito adquiriam sempre muita força eleitoral, não só com
os imensos tempos de TV e rádio como também com o arranjo do quadro da
eleição sempre de uma forma favorável ao interesse do partido. Até
recentemente isso vinha funcionando bem, até que na eleição do segundo
mandato de Dilma Rousseff o esquema mostrou perigosamente para eles seu
desgaste. A via eleitoral ficou difícil para o PT, a menos que o partido
consiga tirar proveito da crise que eles próprios criaram.
E é
isso que eles pretendem fazer, até porque não existem quadros petistas que saibam fazer outra coisa. Do jeito que o partido ficou em razão da
deformação criada pelo projeto de poder, só lhes resta explorar a crise
em suas piores consequências, inclusive com o uso de força bruta e do
vandalismo. Uma outra opção seria governar com decência e qualidade
administrativa, dando a volta por cima. Mas é impossível sacudir a
poeira quando ela já virou uma lama grossa, da qual a roubalheira na
Petrobras é apenas uma parte visível de um saque que deve ter ocorrido
também em outras ricas estatais, como o Banco do Brasil e Caixa.
O
remédio que a cúpula do partido já deve ter discutido é o de usar a
própria crise para buscar uma saída política para o projeto de poder
petista. E isso já começa a ser visto nas ruas, como aconteceu nesta
terça-feira na pancadaria promovida por militantes petistas durante ato
que tinha à frente o ex-presidente Lula, acompanhado de entidades como a
CUT e a FUP (Federação Única dos Petroleiros). Numa daquelas tramas de
marketing político típica de quem perdeu o senso do ridículo, eles
estava ali para denunciar uma “campanha contra a Petrobras”. Um paralelo
perfeito para algo tão acintoso e patético seria uma manifestação de
batedores de carteira gritando pega ladrão.
Que o ato indecente
tenha sido feito na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) é
uma vergonha para profissionais que ainda atuam com dignidade no
jornalismo, mas não é surpresa alguma: já faz tempo que a ABI vem sendo
uma casa que não representa de fato o jornalismo. Virou mais um dos
tantos organismos a serviço do petismo. É muito triste, lá dentro da
casa que deveria ser da democracia e da liberdade de expressão Lula
gritava contra a imprensa e pedia para João Pedro Stédile pôr seu
“exército” nas ruas, conforme expressão do próprio chefão petista.
Enquanto isso, fora da sede da ABI, militantes petistas comportavam-se
como milícias, espancando pessoas que resolveram espontaneamente
protestar contra o espetáculo hipócrita.
A imagem simbólica da milícia petista indo pro pau em cima de cidadãos indignados é o sinal preocupante de que o PT pretende tirar da crise combustível para sua sobrevivência no poder. Isso não é novidade, até pelo fato de que coisa parecida já foi feita na Venezuela e em outros países com governos dos quais eles não escondem ser fãs ideológicos de carteirinha. É preciso dobrar a vigilância cívica e manter a serenidade, sem baixar a cabeça para esses bandos de camisetas vermelhas que começam a surgir das tocas, onde aliás deve ter alguns maiorais que saíram do governo recentemente para atuar na obscuridade
A imagem simbólica da milícia petista indo pro pau em cima de cidadãos indignados é o sinal preocupante de que o PT pretende tirar da crise combustível para sua sobrevivência no poder. Isso não é novidade, até pelo fato de que coisa parecida já foi feita na Venezuela e em outros países com governos dos quais eles não escondem ser fãs ideológicos de carteirinha. É preciso dobrar a vigilância cívica e manter a serenidade, sem baixar a cabeça para esses bandos de camisetas vermelhas que começam a surgir das tocas, onde aliás deve ter alguns maiorais que saíram do governo recentemente para atuar na obscuridade
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POR José Pires
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