Como é bom ver um bravateiro tendo que prestar contas de suas ameaças
públicas. Estou falando do ministro da Educação, Cid Gomes, que terá de
ir até a Câmara dos Deputados explicar o que quis dizer exatamente
quando falou que por lá tem "tem uns 400, 300 deputados achacadores". O
ministro foi governador do Ceará por duas vezes consecutivas, porém é
mais conhecido como irmão do Ciro Gomes. Está no ministério pela cota
pessoal do ex-deputado, que durante a campanha eleitoral prestou
serviço ao projeto do PT, primeiro tentando puxar o PSB para a grande
aliança que os petistas sempre armam para facilitar suas vitórias
eleitorais e depois batendo firme em Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que
tornou-se candidato e o obrigou a sair do partido. Se Campos não tivesse
morrido no acidente de avião com certeza Ciro Gomes estaria na linha de
frente das tropas de choque, em ataque à candidatura.
O ministro Cid Gomes é boquirroto igual o irmão e também é grosseiro.
No Ceará os dois comandam a política local com mão de ferro e são
capazes até de gestos violentos, como costuma fazer Ciro Gomes em
comícios, ameaçando fisicamente seus adversários e até descendo do
palanque para arrumar briga, pouco se importando com o risco para
mulheres e crianças. Tem vídeo na internet mostrando isso. O costume dos
dois de usar o poder para bater forte na política cearense certamente
deixou Cid Gomes distraído quando ao equilíbrio de forças muito
diferente no plano federal. Daí seu insulto generalizado à Câmara
Federal.
O momento escolhido também não podia ser pior. O irmão
de Ciro Gomes resolveu xingar os deputados exatamente quando a
presidente Dilma Rousseff precisa ao menos contornar os graves problemas
que ela mesma arrumou com a Câmara. Ao saber da fala do ministro, o
presidente da Câmara levou ao plenário um pedido de convocação para que
ele se explique. O requerimento foi aprovado, com apoio inclusive da
base aliada do governo. Gostei dessa, embora saiba que isso pode estar
ocorrendo só por causa dos conflitos de ocasião entre líderes
parlamentares e o governo Dilma. Habitualmente na política brasileira
eles costumam se acertar nos bastidores depois de jogos de cena como
este.
Mas não seria mal que essa postura da Câmara virasse uma
prática. Seria uma política que pode-se chamar de "falou-levou" e que
podia se espalhar pelo conjunto das relações da política no Brasil,
incluindo nisso a imprensa, acabando com o clima de bravatas e fofocas
que a eliminou a lógica e a razão do debate político. Isso obrigaria os
políticos a terem responsabilidade sobre o que sai de suas bocas. Não
estou falando de perdigotos, é claro. E no geral, esta posição daria
bastante qualidade às relações entre as pessoas, aumentando o nível de
um país que parece estar cansado de tanto tempo na sarjeta.
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POR José Pires
O QUE PREJUDICA O BRASIL É O QUE OS POLÍTICOS FALAM OU FAZEM...??? QUE DIFERENÇA FARIA USAREM A CÂMARA E O SENADO PARA LAVAREM ROUPAS SUJAS...NÃO COMPREENDI A MORAL DA CRÔNICA...???
ResponderExcluirRONEI FLECK 01042015