Pronto, o problema econômico brasileiro já é oficialmente do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Tomara que ele não tenha uma nova gripe agora. Nesta quarta-feira o ministro anunciou que a meta de superávit de 1,1% do PIB para 2015 caiu na realidade para 0,15%. A redução é de 86%, corte tão grande que exige uma repetição, para que ninguém ache que é deslize de digitação: oitenta e seis por cento. A economia inicialmente prevista, que era de R$ 66,3 bilhões, cai para R$ 9 bilhões. Perceberam que já estão postas todas as chances para o PT colocar em campo um discurso para 2018 de que uma política liberal não é o caminho para o Brasil? É um "Fora, Levy!" com gosto de "Volta, Lula!".
Logo que Dilma tomou posse e começou a anunciar cortes e outras medidas muito diferentes do engodo otimista que vendeu durante a campanha, ainda no início de janeiro eu escrevia que era uma tremenda bobagem os tucanos ficarem se gabando de que neste segundo mandato ela já estava fazendo algo similar ao projeto que Aécio Neves colocaria em prática se tivesse sido eleito. Em texto publicado aqui no blog, eu alertava que, novamente, inexistia a ideia de qualquer projeto econômico do PT para a economia brasileira. Era só mais um remendo econômico, o que nunca pode dar certo certo na administração de um país, muito menos numa crise dessa magnitude. Quem já viveu a porção de pacotes econômicos que o Brasil já teve, sabe muito bem que raramente um problema na economia pode ser resolvido por receita meramente econômica.
O ministro Levy já está fazendo um discurso com justificativas quanto ao problema que agora é dele de fato, porém nem nisso ele é bom. Aliás, seu perfil de burocrata é uma contra-indicação para ocupar o ministério da Fazenda numa situação dessas. Mas Dilma não tinha onde arrumar um Pedro Malan ou então um Fernando Henrique Cardoso, este último a bela tacada do presidente Itamar Franco para ajudá-lo a reformar o país que pegou arruinado moralmente e com a economia embolada inclusive pelas medidas radicais do breve e desastroso governo Collor. No entanto, FHC já não tem idade para encarar uma bomba dessas. Tenho certeza de que ele não aceitaria o trabalho, como ministro de Dilma, de trazer algum otimismo para este entristecido país.
E estou falando isso em apoio total ao que os tucanos fizeram nos dois mandatos que foram juntados ao governo Itamar? Nada disso, mas esta é a realidade que temos de uma interferência forte de um governo numa crise. E de resultados altamente positivos, com benefícios de longo prazo que os idiotas políticos do PT não souberam aproveitar. Mas acontece que até hoje os petistas não aceitam o Plano Real, nem como um acontecimento histórico de onde dá para extrair vasta experiência sobre os problemas políticos e de gestão enfrentados numa crise. E um beabá prático muito claro dessa época e bastante simples — já que foi experimentado — é o de que uma crise braba não se enfrenta com um ministro com o perfil de Joaquim Levy. E não vai nisso nenhum juízo de valor sobre seu saber econômico. É que, parafraseando o famoso chavão do assessor de Bill Clinton, neste caso a questão não é só a economia, estúpido! Mas não existe jeito da presidente Dilma arranjar alguém mais adequado ao cargo. Levy é o melhor que pode ter o governo do PT. E então, pior para todos nós.
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POR José PiresLink: Liberal de araque
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