O economista Rodrigo Constantino anunciou o fim da sua página no site da revista “Veja”. É claro que isso deixou a militância azucrinadora petista numa alegria histérica. Mas não é só pelo furdunço dos vermelhos que a notícia não é boa. O fechamento da página do economista diminui o espaço de resistência a um projeto muito ruim para o Brasil, cuja plataforma prática é o governo do PT. E esta é apenas a face visível de ideias muito perigosas. Armações ameaçadoras para o Brasil vão sendo sendo feitas na obscuridade. E apesar da desmoralização feita pela própria realidade com as lorotas governistas, essas forças nefastas ainda estão com muito tutu e campo de manipulação.
O trabalho de Constantino não é muito do meu gosto, tanto no conteúdo quando na forma. Seu liberalismo econômico me parece raso, muito fraco mesmo, o que na minha visão faz bastante mal para a propria ideia do liberalismo. Também favorece a esquerda quando não traz mais bem embasados os argumentos contrários a esses enganadores. Sorte nossa que essa esquerda brasileira carece e muito de bons pensadores. Tenho dificuldade de aceitar as ideias de quem se encanta com o Partido Republicano americano, assim como não consigo levar a sério quem fica embascado com Barack Obama. Prefiro análises equilibradas entre os dois grandes eixos da política americana. Acho também muito fraco políticamente e intelectualmente a exaltação de forma superficial de qualidades da iniciativa privada que historicamente a prática não comprova. E Constantino faz isso bastante, além de tentar rotular injustamente as estatais como fonte de males que os fatos mostram que são bem mais amplos. Ele faz isso ao propor a privatização da Petrobras.
Nem vou me aprofundar na privatização da empresa de energia, mas é um raciocínio falso a relação da corrupção como um problema inerente à existência de estatais. E está aí como uma prova contrária o escândalo da manipulações feitas pela Volkswagen. A montadora multinacional passou por cima da saúde das pessoas e cometeu um crime terrivelmente danoso à credibilidade de regras e regulamentos e até da possibilidade científica de prever e combater problemas. Só esse exemplo já demonstra que a corrupção nessa economia globalizada é bem mais complexa. Quem for favorável à privatização que procure melhores argumentos, até para não favorecer os gatunos deste governo. Constantino faz política o tempo todo, por isso posso dizer que poucas vezes vi propostas em momento tão impróprio como esta da privatização da Petrobras.
São grandes as minhas divergências, entretanto a página de Constantino na “Veja” teve sempre a minha leitura atenta e ele tinha na revista um público bastante numeroso e de qualidade, criando um canal interessante de conhecimento para mim inclusive com a opinião de seus leitores, na área de comentários. E no site da "Veja" ele teve sacadas boas, sendo uma delas o apelido de "esquerda caviar" para uma certa hipocrisia esquerdista muito marcante entre os governistas e que enche o saco na internet. É mais um espaço importante se fechando, numa gradativa queda de qualidade que vem atingindo toda a nossa internet e também a “Veja”. O site da revista teve outras páginas canceladas nos últimos dias, duas delas de que eu gostava muito. A de Caio Blinder, excelente em assuntos internacionais e para o conhecimento da cultura política americana, e a de Sérgio Rodrigues, chamada "Toda Prosa". São ótimos seus textos sobre literatura, que felizmente ele seguirá fazendo em sua página pessoal. Vão-se fechando espaços para a inteligência cultural e a visão de oposição na economia e na política. A internet brasileira, que já não estava bem, vai piorando.
.........................POR José Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário