segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Falta alguém na derrota do chavismo



Na derrota histórica do chavismo na Venezuela dá para sentir a falta de alguém. É da oposição brasileira. Onde foram parar os parlamentares da oposição que, tendo como figura de destaque o senador Aécio Neves, foram um dia até a Venezuela para prestar solidariedade ao líder da oposição venezuelana Henrique Capriles, preso pelo governo de Nicolás Maduro? Isso foi há quase seis meses e depois os oposicionistas descuidaram de criar ações efetivas que mantivessem uma relação sólida com o que foi se desenvolvendo politicamente entre os venezuelanos, até esta derrota de agora. Recentemente o senador Aécio Neves disse em entrevista que "o impeachment não pode ser a pauta única de um partido". O dele, evidentemente.
É claro que não dá para discordar do senador mineiro, até pela necessidade do país ter uma oposição que na política seja uma aliada firme da sociedade civil na busca de uma saída ao desastre criado pelo PT, havendo ou não o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O PSDB então que crie pautas de qualidade ou ao menos mantenha as pautas em que entra de supetão, como foi a da luta da oposição venezuelana contra o regime chavista. Os senadores viajaram para a Venezuela naquela ocasião e na continuidade não se viu um desenvolvimento político do assunto, que acabou restrito a um ou outro discurso de parlamentares da oposição.
Essa dificuldade em persistir politicamente é habitual entre os tucanos, defeito que no geral é de toda a oposição. Eles se regem pela reação ao que a imprensa traz, pelo que o governo do PT apronta ou pelas roubalheiras descobertas pela polícia. Essa falta de iniciativa faz a oposição perder a oportunidade de aumentar sua credibilidade, deixando escapar importantes ganhos políticos que poderiam fortalecer a luta pelo respeito à democracia e o combate à corrupção em nosso país. É o que ocorre agora com esta vitória democrática na Venezuela, que poderia estimular muito mais a batalha dos brasileiros pela decência na política, mas para isso a nossa oposição teria que ter a preocupação de manter firmes os laços de solidariedade com a luta dos venezuelanos contra o chavismo. Tem a ver com o papo de Aécio Neves sobre a importância de boas pautas para um partido. E se relaciona também à necessidade do país ter uma oposição com objetivos claros e firmeza de propósito.
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POR José Pires

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