O que aconteceu nesta semana na China deveria servir como um alerta aos brasileiros sobre o modelo de desenvolvimento que vem sendo aplicado por décadas em nosso país, sem nenhuma preocupação com a sustentabilidade. Pela primeira vez na história, Pequim declarou alerta vermelho por contaminação. Desde o início da terça-feira (segunda-feira no Brasil) foram suspensas na cidade obras em construção, escolas suspenderam aulas e o tráfego de veículos sofre severas restrições. A contaminação chegou a 275 microgramas por metro cúbico de ar, dez vezes a mais que o máximo considerado tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Se o nosso país não adotar logo um modelo equilibrado de desenvolvimento, problemas como este vivido hoje na China podem se tornar rotina também por aqui, onde mesmo com índices baixos de crescimento já temos graves problemas de meio ambiente.
Até agora, os altos índices do crescimento chinês — com seus impressionantes saltos do PIB — são noticiados sem nenhum senso crítico, faltando sempre esclarecimento sobre as consequências desastrosas deste sucesso, alcançado a um custo altíssimo em danos ao meio ambiente e à saúde humana. Várias cidades chinesas já convivem há anos com excessiva poluição atmosférica, a contaminação da água e a destruição do solo. Parcelas imensas do território chinês tiveram o solo esgotado por uma agricultura sem o respeito ao limite do uso de agrotóxico, a necessidade de regeneração da terra e também com a extinção de recursos hídricos por causa do uso ilimitado e a falta de cuidados ambientais. Áreas extensas tornaram-se desérticas de forma irremediável. São conhecidas as cenas de tempestades de areia em algumas cidades chinesas, com as poucas pessoas que ousam sair às ruas tendo que usar máscaras.
O alerta vermelho de Pequim tinha que ser usado como um alerta à consciência dos brasileiros, até pelo fato do crescimento econômico chinês servir sempre como um exemplo positivo em análises que o comparam às nossas dificuldades econômicas. Em economia, a China não serve de modo algum como um bom exemplo. O país vive sob políticas destrutivas à natureza, que alavancam o crescimento com o prejuízo da qualidade de vida de populações inteiras. É um modelo predatório, que usa sem nenhum cuidado os recursos naturais, sem levar em consideração a necessidade do respeito ao meio ambiente como um elemento básico na condução do desenvolvimento, de forma sustentada. E costumam ser muito graves os efeitos dos planos de governo nesta estranha sociedade que combina capitalismo selvagem e um comunismo altamente restritivo aos direitos humanos e à liberdade de expressão. A falta de liberdade de expressão, por sinal, é uma das razões que permite aos burocratas poderosos implantar sem nenhum questionamento seus planos destrutivos. Outra questão para o Brasil prestar mais atenção ao desastre no meio ambiente chinês é o interesse deles em terras brasileiras para a agricultura e pecuária. O governo chinês vem comprando vastas extensões de terras em nosso país e também tem adquirido o controle de empresas instaladas no Brasil. Ora, ninguém deve esperar que um governo que comete tamanhos crimes com sua própria gente vá ter respeito na terra dos outros.
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POR José Pires
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Imagem- Cena de rua em Pequim em setembro deste ano, em foto extraída do site Environment Today
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