O presidente Barack Obama desceu de avião neste domingo em Cuba com uma enorme delegação. São mais de mil integrantes, com uma enorme participação de empresários, além de parlamentares. A imprensa fala em cerca de 40 parlamentares. Com Obama, viajaram também sua mulher e as duas filhas, o que realça o gesto de aproximação do presidente americano. Conservadores americanos e também aqui do Brasil estão nervosos com o que a diplomacia americana vem fazendo em relação à Cuba e, como sempre, analisam de forma errada a questão. Sobre Cuba e a direita e esquerda sempre erraram muito. O país sofreu bastante com os dois lados políticos. Desde a derrubada do ditador Fulgêncio Batista, em 1959, os Estados Unidos vem agindo de forma bossal na sua relação com o problema criado com a subida ao poder de Fidel Castro, líder da revolução que derrubou Batista e ditador que se colocou em seu lugar, desta vez com um regime comunista que destruiu o país no aspecto político, econômico, cultural e sabe-se lá o que mais. Depois da saída dos irmãos Castro podem surgir revelações pesadas e com certeza o legado político do que foi feito em mais de 50 anos será desastroso para a esquerda brasileira.
A partir da chegada de Obama à ilha deve ser estabelecida uma ponte que trará benefícios aos dois países e a todos nós que assistimos a essa encrenca há tanto tempo. O fortalecimento da democracia deve ir muito além de mudanças políticas inevitáveis que ocorrerão em Cuba. Obama pode também fixar-se historicamente como líder da transformação da imagem dos americanos como financiadores, estimuladores e muitas vezes chefes de uma direita criminosa que desde a década de 60 dominou os governos de grande parte da América Latina. Sempre tiveram uma visão militarista para a América Latina, cujo resultado foi o de fortalecer no continentes grupos paramilitares do pior tipo e uma direita sanguinária, gatuna e incompetente. Por trás dessa política esteve sempre a mão pesada do Partido Republicano, cuja diplomacia para a América do Sul é uma política de gangues. E como se vê na campanha eleitoral americana, ao invés de progredir os republicanos sofreram uma regressão política nas últimas décadas. Donald Trump ou Ted Cruz, tanto faz um ou outro para se notar que mentalmente não diferem de um Ronald Reagan, com o agravante de terem uma imagem pessoal muito mais próxima de um Richard Nixon.
A esquerda também perde muito. Para o bolivarianismo se dar mal no continente nem era preciso o Obama descer sorrindo em Cuba. Esse tipo de visão política já demonstrou ser inviável em vários países, inclusive no Brasil. No entanto, agora acabou até o uso de Cuba como justificativa para o autoritarismo de gatunos esquerdistas. A entrada dos americanos na ilha de Fidel Castro, desta vez de forma democrática, deve acabar de vez com as ilusões fraudulentas d esquerda em nosso continente. Isso evidentemente está na dependência de uma continuidade do Partido Democrata no poder, possibilidade que deve ser fortalecida pela chegada de Obama a Cuba. Conservadores e direitistas, inclusive brasileiros, estão errados nas análises sobre o gesto histórico de Obama, não só sobre o efeito em Cuba, que deve ser o fecho do regime castrista, fortalecendo uma via democrática e evitando no país a rapinagem e o revanchismo da direita cubana. O efeito eleitoral deve ser também positivo para o Partido Democrata. Obama está mandando uma forte mensagem a uma ampla faixa do eleitorado americano que neste assunto tem o coração como um peso determinante, afinal é da diplomacia americana que dependerá a sorte de suas famílias nos países de onde vieram. E para os amigos, primos, irmãos, pais e mães, avós e antepassados dessa gente o Partido Republicano já ofereceu um muro um pouco pior do que aquele que dividia Berlim ao meio.
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POR José Pires
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Imagem: O Bar Floridita, local que o escritor americano Ernest Hemingway marcou na cultura mundial e onde colheu muita inspiração
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