Para haver um impeachment é preciso um motivo jurídico, no entanto, a partir disso o processo de impeachment passa a ter vida própria. A presidente Dilma Rousseff danou-se porque com cada atitude sua foi dando uma dimensão própria ao impeachment. Ficou a cara dela. É aquela história de "cada ato, uma consequência". No caso de Dilma, cada coisa que ela faz para se livrar do impeachment acaba por acrescentar mais um motivo para que o instrumento seja usado contra ela.
Dito isso, um governista cretino (com o perdão do pleonasmo) deve logo dizer: "Tá vendo? Qualquer coisa serve para tirar Dima!". Não é bem assim. Só um petista poderia pensar no uso irresponsável de um dos instrumentos mais rigorosos da Constituição. Mas é isso é bem deles. São irresponsáveis desde quando eram oposição, então estão sempre acusando os outros de irresponsabilidades que são só de suas cabeças.
O impeachment de Dilma tem um fundamento legal muito objetivo. Ponto. O que ocorre é que com o processo em andamento vai-se estabelecendo ou não um fortalecimento político da tese, independente dela ser um fato jurídico indiscutível, o que acontece neste impeachment. A opinião pública pode definir a votação no Congresso e o PT tanto sabe disso e aceita o fato que, para intimidar, logo colocou seus camisas vermelhas profissionais na rua. É neste aspecto, especificamente no andamento do processo, que o impeachment acaba sendo sempre um ato político, ainda que (tem que repetir tudo com esses cretinos patrulhando) esteja muito bem embasado na Constituição.
Na tentativa de salvar seu mandato, Dilma foi interpondo uma porção de razões suplementares para a necessidade de sua queda. Auxiliada pelo astutíssimo ex-presidente Lula no papel informal de bancada de defesa, essas razões para a queda tiveram um aumento impressionante. Notem que o apoio na opinião pública vem crescendo gradativamente. Cada vez que Lula junta seus camisas-vermelhas profissionais a sociedade civil entende um pouco mais que existe um perigo maior para o país além da confirmada incompetência administrativa e a desonestidade.
Assim, pode-se dizer que no Brasil pode passar a existir dois tipos de impeachment. O normal e o "impeachment da Dilma". Esta novidade política é de uso mais amplo, para coibir a incompetência criminosa, o desvario moral e para punir com a retirada imediata do poder qualquer governante ou partido que tenha como projeto político a reconstrução de muros ideológicos para barrar a democracia.
.........................
POR José Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário