quarta-feira, 18 de maio de 2016

Partido ruim da cabeça

Na resolução que saiu de seu primeiro encontro depois do afastamento de Dilma Rousseff, o PT optou por fazer a autocrítica dos outros. É mais ou menos no estilo de antigos partidos comunistas, que pegavam militantes que não colaboravam com a cúpula partidária e diziam ao dissidente: "vamos fazer sua autocrítica". A resolução petista revela um quadro psicológico grave, de um partido com sério alheamento da realidade e um total desconhecimento da própria queda. Lembra o sujeito caindo do edifício que, ali pelo sexto andar, ainda diz: “até aqui tudo bem”.
Estão fora do poder, terão sérias dificuldades para conseguir doações de campanhas e ficarão por larguíssimo tempo com a imagem bastante comprometida com os mais graves defeitos que pode-se ter na política, tudo isso causado exclusivamente por eles. Como resultado prático desses anos todos de poder, está aí a quebradeira geral da nação e a impressionante roubalheira que levou à cadeia seus líderes históricos. No entanto, no documento que saiu depois de dois dias de discussão em vez do mea culpa o partido optou por apontar a responsabilidade alheia. É uma alienação da realidade digna de hospício.
Para o PT, a Lava Jato é uma operação "golpista", a crise na economia brasileira veio de problemas internacionais e da aceitação de Dilma da "agenda do grande capital", com o "ajuste fiscal" intensificando "a tendência recessiva". O documento faz essas críticas à Dilma, porém mantendo uma porta aberta, caso ela retome o mandato. Ela pode ser aceita, desde que apresente um "compromisso público", encampando teses políticas, sociais e econômicas do partido.
Quanto ao mensalão, o petrolão, a destruição da Petrobras, essas coisas que geram preocupação em qualquer brasileiro, sobre isso o PT nada fala na tal resolução. O partido tem criminosos reincidentes, condenados e presos, mas se queixa de ter sido envolvido nas maracutaias pela má intenção de terceiros. Parece até que estou fazendo piada, não é mesmo? Então leiam este trecho da resolução: "Acabamos reféns de acordos táticos, imperiosos para o manejo do Estado, mas que resultaram num baixo e pouco enraizamento das forças progressistas, ao mesmo tempo em que ampliaram, no arco de alianças, o poder de fogo de setores mais à direita".
A conversa é de doido. Eles anunciam até suas restrições às alianças para as eleições municipais. As regras são rigorosas e começam por dizer que não apoiarão candidatos que votaram ou apoiaram o impeachment. Como se fosse haver uma correria este ano de candidatos querendo o apoio de um partido com a fama do PT. Vale uma leitura no documento petista, do qual publico abaixo um link. É o retrato dramático de um partido preso a uma auto-ilusão. Tem seu lado cômico e também um certo alívio. Na toada em que estão, já na eleição desse ano o partido do Lula vai virar uma sigla nanica.
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POR José Pires

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