quinta-feira, 27 de abril de 2017

Requião, Lula e o PT num abraço de afogados


Cada um que dê a finalização que quiser à própria carreira, mas é curiosa a forma que o senador Roberto Requião escolheu para viver seu penúltimo ano no Senado. A eleição do ano que vem promete ser tão dura que ele nem sabe ainda qual cargo pretende disputar. Ao Senado com certeza ele não volta. E em qualquer outra disputa eleitoral, as condições serão terríveis, com uma seca de verbas, de aliados, além da dificuldade grave na relação com o eleitorado paranaense, que ao contrário de seus parceiros petistas tem orgulho da "República de Curitiba".

O grau de rejeição do senador paranaense já era alto, em razão da aliança feita com o PT, tanto com Lula quanto com Dilma Rousseff. E nesses últimos meses ele estreitou relações até com os petistas do Paraná, grupo com o qual ele sempre andou às turras. Requião foi até processado pelo ex-ministro Paulo Bernardo, que manda no PT paranaense e é marido da senadora Gleisi Hoffmann. Bernardo ganhou uma indenização de R$ 75 mil reais em 2014 por danos morais, por Requião ter sugerido que quando era governador recebeu uma proposta dele para fazer parte de um esquema de superfaturamento.

Nos últimos tempos, porém, Requião e os petistas paranaenses se acertaram, numa relação que se estabeleceu a partir da eleição dele para o Senado, em 2010, em dobradinha mais que amigável com Gleisi Hoffmann. Em campanha muito vistosa, os dois foram eleitos naquele ano, em aliança com Osmar Dias, candidato derrotado do PDT ao governo estadual. Até o impeachment de Dilma Rousseff a participação de Requião foi relativamente moderada, mas com o avanço da Operação Lava Jato, o senador pareceu ficar mais nervoso. A partir daí entrou na linha de frente, em ataque aos progressos do Ministério Público, da Polícia Federal e especialmente em confronto pesado com o juiz federal Sergio Moro.

Quando Requião pegou a relatoria do projeto de lei contra o abuso de autoridade deu pra sentir o tamanho do seu compromisso com a defesa de Lula e dos malfeitos do PT. É claro que ele sabe que a situação na qual se colocou vai de encontro à sua pretensa imagem política, cultivada durante anos e alimentada por um populismo que sempre teve a lisura com os cofres públicos como pauta essencial de propaganda. A trombada é forte. Tão desastrosa que até provoca suspeita, tamanho é o peso negativo dessa sua atitude, com uma carga de rejeição que pode comprometer até o sonho da continuidade de seu legado político por meio de seu filho, atualmente deputado estadual paranaense.

Na ultima eleição municipal já deu para sentir o grau de incompatibilidade transmitido pelo pai ao filho, que recebeu inclusive seu nome. Apesar de ser ainda novo na política, Requião Filho foi o nome mais rejeitado em todas as pesquisas e teve uma péssima votação, terminando em quinto lugar, com 5% dos votos. Como já dá para ver, até uma herança maldita parece estar incluída neste compromisso de Requião com Lula e o PT. E com tanto prejuízo em vista, não tem como não perguntar quanto é que o senador tinha para perder se ficasse de fora dessa triste jogada que afronta a opinião pública.
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POR José Pires

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Imagem- O senador que não voltará ao Senado, com Lula e a senadora petista Gleisi Hoffmann, em seminário contra a Lava Jato promovido pelo PT no mês passado, em São Paulo

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