domingo, 2 de julho de 2017

Governo ruim de conta

Acontece tanta coisa esquisita no governo de Beto Richa, no Paraná, que ninguém se espantou com mais um erro incrível do governador, desta vez com as universidades públicas do estado. O governo de Richa tem uma porção de complicações políticas, até com assessor acusado de exploração sexual de menores, além de quadrilhas de sonegadores descobertas pelo Ministério Público, com a chamada Operação Publicano, na qual foi preso até um primo dele. O tucano responde a inquérito no Superior Tribunal de Justiça sobre estas fraudes. Ele também é citado na Lava Jato, nas delações da Construtora Odebrecht, com o codinome de “Piloto”.

Ultimamente o nosso “piloto” vem fazendo ataques às universidades estaduais, com uma agressividade que aumentou bastante depois de reitores se negarem ao enquadramento numa proposta de maior controle sobre a administração das instituições, com um sistema de controle de gastos centralizado no governo. No debate que se seguiu, Richa e seus aliados passaram a um lamentável jogo de difamação das instituições com dados falsos e invenção de situações absolutamente mentirosas, como a acusação de falta de transparência de cada universidade. Num desses ataques, filmado em vídeo com Richa ao microfone e cercado de uma claque de gabinete, o governador até afrontou o decoro, fazendo um grosseiro ataque pessoal ao reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mauro Baesso. O tucano fez igual um desafeto seu, o senador Roberto Requião, que no governo também insultava professores das universidades.

Na absurda tentativa de colocar os paranaenses contra as universidades públicas, Richa adotou a tática de desmerecer instituições que, ao contrário disso, deviam ser valorizadas pela qualidade que apresentam mesmo em condições muito difíceis. Junto às outras universidades paranaenses, a UEM foi acusada de gastar demais com alunos, com uma cifra impressionante de 9 mil reais em gasto médio por aluno. Numa entrevista que serve como aula inclusive de boas maneiras para o governo tucano, o reitor Baesso, explicou que o número não é verdadeiro, até pelo fato de que para arcar com este custo o orçamento da universidade teria de ser sete vezes maior. Por má-fé ou dificuldade com o raciocínio matemático, o governo Richa apresentou o resultado de uma divisão pelo número de alunos formados em 2014, sem levar em conta a progressão da entrada de alunos durante os cursos, a maioria de quatro anos, mas alguns, como medicina, com seis anos.

Com a polêmica trazida pelo governo, o site da Gazeta do Povo fez um levantamento com o total de estudantes e chegou à conclusão de que o gasto médio nas seis universidades estaduais é de 2 mil reais ao mês por aluno, muito distante do que dizia o governo, em tom de acusação. A estimativa da Gazeta é com base no total de alunos matriculados na graduação e na pós-graduação. Segundo o site, a UEM tem o custo por aluno de R$ 1.989,06. Esta universidade tem 23.881 alunos, um pouco mais que a UEL, que fica em Londrina e tem 20.113 alunos, com custo unitário de R$ 2.302,92. No total, o ensino superior no estado tem 84,8 mil alunos. Estes são os números reais, dos quais o governador poderia extrair bons resultados políticos e administrativos, bastando para isso ter boa vontade. Richa deveria focar o debate na relação de custo e benefício, com a formação de milhares de profissionais todos os anos, sem os quais ficaria impossível tocar o Paraná, com prejuízo certo também para todo o país. Feita dessa forma, a conta vai mostrar com certeza um resultado de lucro social e econômico para o Paraná e o país.
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POR José Pires


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