As acusações do ex-ministro Antonio Palocci deixaram Lula e seu partido num estado de tensão que eles não viviam desde o mensalão, quando o então presidente Lula só não foi condenado e preso porque recebeu a ajuda da oposição, com aquela famosa esperteza dos tucanos de deixá-lo fora do escândalo para que ele sangrasse até a próxima eleição. Lula não sangrou, reelegeu-se presidente e ainda teve força para fazer sua sucessora, dando continuidade aos esquemas. Com o devastador depoimento de Palocci, no entanto, voltam os temores dos petistas, ampliados pela situação mais complicada do partido, atualmente arruinado politicamente e fora do poder. E sem tucano para ter ideia besta. Agora não dá pra não ter medo de ser feliz.
O estresse é brabo entre os vermelhos, mas por outro lado, o governo Temer também está num estado de nervos que não se via desde que a polícia teve acesso às conversas bandidas do presidente nas noitadas fora de agenda no Palácio do Jaburu, naqueles despachos fora de agenda com visitas secretas que ele recebia pela garagem. E teve depois o impacto da descoberta da dinheirama mocozada em um apartamento de Salvador, com as digitais de Geddel Vieira Lima espalhadas pelos pacotes. Mas daí o assunto acabou ficando em segundo plano, com o homem mais próximo de Lula mudando a pauta com seu depoimento-bomba. Não é sempre que aparece uma confissão como a de Palocci, uma das pessoas mais próximas de Lula no poder e fora dele, além de coordenador da campanha de Dilma Rousseff e influente também no governo dela.
Porém, os trabalhos continuam. E agora é Geddel que está em situação parecida com a de Palocci, passando os dias em um lugar onde com certeza a avaliação do próprio futuro tem um peso impressionante. Ninguém é ingênuo de acreditar que toda a dinheirama descoberta era apenas para o bolso de Geddel e que toda aquela lucratividade foi obtida só com a influência dele nos bancos públicos e nos demais negócios com o Estado. Geddel não é um peixe pequeno, no entanto o trabalho de juntar aquela fortuna exige mais que um tubarão. É claro que isso teria que dar em um efeito muito interessante, com uma energia que atravessa as paredes que aprisionam o ex-braço direito de Temer. As noites atormentadas de Geddel atrapalham o sono no Palácio do Jaburu. E Temer tem motivo para não dormir sossegado. Aliás, são 51 milhões de motivos.
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POR José Pires
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