É evidente que em respeito à dor de quem é próximo da vereadora Marielle Franco, assassinada nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, deve-se relevar muita coisa que se fala sobre este assunto. Mas é preciso se colocar contra um discurso que se levanta nas redes sociais, de forma perigosa, que trata sua morte como uma questão racial. No Rio de Janeiro, uma irmã da vereadora disse que “tentaram calar 46 mil vozes e as mulheres negras”. O número citado por ela é o de eleitores da vereadora.
Até porque não quero discussões bestas, repito o que disse no início sobre o respeito à dor de quem tinha intimidade com a vítima, mas como a declaração é pública e este argumento racial vem sendo colocado por várias pessoas, tenho que discordar. Não só porque este componente racial não faz sentido, como pode estimular uma visão perigosa e dispensável sobre os problemas brasileiros. Os brasileiros de bom senso precisam conter esse discurso racial sobre vários problemas brasileiros, que não é de agora que vem sendo colocado pela esquerda. Essa acusação acostuma ser apontada para a ação da polícia, mas qualquer um que resolva apenas ponderar sobre a questão logo também é tachado como racista.
Ora, isso não é verdade. Não existem evidências, provas muito menos, de que tenhamos uma polícia que sai às ruas com a missão de assassinar negros. Tampouco existem no Brasil grupos organizados que matam motivados pela cor da pele. E creio que passa do absurdo que existam grupos com a meta de atirar em mulheres negras. No caso da polícia do Rio, atingida bastante por acusações de racismo, o absurdo dessa hipótese pode ser comprovado até com uma passada de olhos em fotografias de equipes de policiais, onde grande parte deles — quando não a maioria — é composta de negros e mulatos. Esse componente racial na violência também não existe em outros estados brasileiros, mesmo naqueles onde a maioria da população tem a pele branca.
Conheço bem a esquerda e sei muito bem que essa questão racial é simplesmente de uso político. A leviandade é a mesma com a sexualidade e do mesmo modo com questões de classe social ou então na seleção de juízes ou jornalistas para servir de alvo de ataques. Este racialismo teve início em campanhas eleitorais e foi mantido depois, no poder, com a costumeira irresponsabilidade. Foram até explícitos, falando de “elite de olhos azuis”. O problema é que o discurso racial pode crescer e contaminar o país, afetando com essa agressividade a tolerância racial, aliás muito atacada pela militância, quando na verdade é uma virtude dos brasileiros. Em vários lugares fala-se até em “genocídio racial”, um dos usos mais abusivos que já teve a palavra “genocídio”. A violência no Brasil não é uma questão da cor da pele. E este argumento falso pode tornar ainda mais difícil encontrarmos um caminho para solução deste grave problema que atinge a todos os brasileiros.
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POR José Pires
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