quinta-feira, 15 de março de 2018

Marielle: o silêncio de Bolsonaro e o alarido de seus seguidores

O deputado Jair Bolsonaro disse que não vai falar nada sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. O site O Antagonista pediu uma declaração e ele disse que não vai se pronunciar porque “não quer que suas declarações sejam deturpadas”. Não faz sentido que Bolsonaro não comente um acontecimento que tem tudo a ver com um tema essencial de sua campanha, ainda mais que a violência ocorreu no estado que ele representa. E essa alegação sobre a “deturpação” de sua fala faz menos sentido ainda para um político que será candidato à presidente da República este ano. Mais à frente, quando surgir algo mais polêmico na campanha, Bolsonaro se comunicará por meio de nota oficial? Desse jeito a coisa não vai bem.

Mas se Bolsonaro se nega a falar da morte da vereadora do Psol, o mesmo não tem feito seus seguidores, que ocupam agressivamente áreas de comentários em sites e blogs e incendeiam as redes sociais com suas opiniões sobre o assunto. O episódio de violência no Rio tem servido como demonstração do que pode vir por aí na campanha política, com a atuação dos fanáticos seguidores do candidato direitista. Quem quiser sentir o clima, basta dar uma sapeada na área de comentários embaixo de alguma notícia sobre o assassinato. Até Dante, o bom e velho Dante Alighieri que suportou até caminhar pelo Inferno para escrever sua obra, mesmo ele ficaria horrorizado com o comportamento dos bolsonaristas.

Os fanáticos seguidores de Bolsonaro conseguem ser piores do que a militância petista em seus momentos mais estúpidos, quando o PT estava no poder e eles dominavam as redes sociais por meio da farta grana que sustentava a comunicação petista. A agressividade da direita é de uma desumanidade massacrante. A leitura é até desagradável e evidentemente cria uma rejeição que pode ser fatal ao candidato.

Já escrevi que gostaria muito de ver como a equipe de campanha de Bolsonaro vai fazer para segurar essa tigrada. A tarefa será muito difícil, talvez impossível, afinal até agora o deputado sustentou-se com esta insanidade, que o tornou popular e fez dele um presidenciável de peso. Com a campanha quase começando ou ele dá um mínimo de civilidade a esses bandos ensandecidos ou terá uma legião de cabos-eleitorais pelo país afora fazendo um serviço ao contrário: espalhando rejeição cada vez que atuarem em favor de sua eleição para presidente da República.
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POR José Pires

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