Depois da saída do jornalista Augusto Nunes como âncora do Roda Viva, o programa de entrevistas da TV Cultura sofreu uma sensível queda de qualidade, coincidindo infelizmente com a série de entrevistas com os candidatos a presidente da República, que teve um mau aproveitamento da presença dos candidatos no centro da roda, com um conteúdo pouco aproveitável para a avaliação dos eleitores e também sofrível como documento do que estamos vivendo agora na política brasileira.
Chegaram a incorporar nas entrevistas até uma finalização ridícula com uma série de perguntas banais sobre os gostos pessoais do entrevistado, como seu livro de cabeceira, frase preferida, ídolo, esse tipo de apelo sentimental que antigamente usava-se em programas de variedades.
E o mais surpreendente é que foi exatamente no meio dessas perguntas bobocas em um programa do mês passado que o ensaboado Geraldo Alckmin acabou falando algo que pode ser usado contra ele pelos seus adversários. O âncora pergunta sobre o livro preferido do candidato. Ele diz que está lendo um livro de Eduardo Giannetti da Fonseca, “O elogio do vira-lata e outros ensaios”. Tentando dar mais sabor à resposta, o ex-governador emenda procurando mostrar proximidade com o autor: “Aliás, três irmãos economistas, o Eduardo, o Marcos e o Roberto Giannetti”.
Ultimamente o candidato do PSDB vem procurando manter distância de Roberto Giannetti. Ele foi alvo recente da Operação Zelotes, acusado de ser um dos operadores de um esquema de decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A quebra de sigilo bancário de Giannetti e mais dois parceiros revelou que eles chegaram a dividir entre de R$ 8 milhões pagos Paranapanema, empresa do setor mineral que respondia a um processo milionário no órgão. Segundo a Zelotes, com a ajuda de Giannetti a Paranapanema se livrou de débitos de R$ 650 milhões no Carf.
Com as descobertas feitas pela Zelotes, Giannetti foi obrigado a sair da coordenação da campanha de João Doria para governador de São Paulo e a assessoria de Alckmin vem se ocupando em desmentir qualquer vínculo do economista com sua campanha ou qualquer outro tipo de relação com o candidato a presidente. Pois numa pergunta bobinha ficou claro que Alckmin tem bastante intimidade com ele. Tempos difíceis para os políticos, esses de agora. É preciso se cuidar bastante até para responder qual é o livro que está lendo.
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POR José Pires
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Veja Alckmin mostrando intimidade com Roberto Giannetti. É fácil encontrar o trecho: está nos
minutos finais do programa.
minutos finais do programa.
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