quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Pressão em Alckmin mostra imparcialidade nas entrevistas do Jornal Nacional

Sei que alucinados de direita e de esquerda não vão sossegar, mas com a entrevista do candidato Geraldo Alckmin a TV Globo mostrou que não tem lado nesta eleição, ao menos nas entrevistas que vem sendo feitas no Jornal Nacional. Os fanáticos por Jair Bolsonaro ficaram indignados com o aperto que William Bonner e Renata Vasconcellos deram no encapetado capitão e saíram pelas redes sociais atirando pedra na TV Globo. Volto a perguntar quando é que direita e esquerda vão sair pelas ruas gritando juntos “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. Só falta isso para selarem a parceria em cretinices.

O mimimi do pessoal do Bolsonaro é o mesmo da militância do PT. Adotam até teorias conspiratórias que reúnem toda a imprensa brasileira contra seu candidato. E agora partem para o ataque pessoal, criando confusão entre a vida particular de jornalistas e sua tarefa profissional. O surpreendente é ver pessoas melhor informadas participando da mentirada abusiva e demolindo a credibilidade pessoal para servir a um político que conduz sua candidatura a presidente da República no mesmo nível de suas campanhas anteriores de deputado do baixo clero.

O que se viu nesta terça-feira na entrevista do Jornal Nacional com Alckmin foi um rigor ainda maior do que com Bolsonaro. Na verdade, a única vantagem para Alckmin foi que finalmente desligaram a máquina que girava a bancada. O embate foi também muito mais rigoroso do que na conversa com Ciro Gomes. A dificuldade para Alckmin é que foram tratadas questões mais objetivas, já que o tucano vem de dois mandatos no governo de São Paulo.

O jornalista Josias de Souza fez as contas da pressão sobre o ex-governador. Nos 27 minutos da entrevista teve lama como assunto durante 62% do tempo, com as mais importantes encrencas do governo paulista repassadas pelos jornalistas. O tucano teve que dar explicações até sobre sua relação e a conivência política com os colegas de partido Aécio Neves e Eduardo Azeredo, o primeiro já preso e o segundo merecendo.

E mesmo assim, a meu ver Geraldo Alckmin saiu-se bem, é claro que numa avaliação relativa a quem tem que dar respostas sobre tanta complicação. A diferença entre Alckmin, Ciro Gomes e Bolsonaro é que o ex-governador de São Paulo enfrenta os questionamentos com educação, respeitando até as interferências necessárias dos jornalistas. Outra diferença está no eleitorado que pode optar pelo voto em Alckmin, que vejo como um bloco determinante nas eleições brasileiras, com uma quantidade boa de brasileiros de maior equilíbrio e que não caem nos incitamentos a batalhas vazias. Podem notar que depois da entrevista não tinha nenhum "alckmista" sentando o cacete na imprensa e procurando defeito nos óculos da Renata Vasconcellos ou especulando sobre a diferença entre o salário dela e de Bonner, editor-chefe do programa.

Este é o ponto qualitativo da política brasileira, de uma boa parcela de eleitores brasileiros que pelo menos até aqui vem evitando que o debate nacional se restrinja ao conteúdo lamentável trazido pela esquerda e agora pela direita, no qual até a separação conjugal de um jornalista ou a diferença salarial numa bancada de telejornal ocupam o lugar de fatos que realmente interessam ao Brasil.
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POR José Pires

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