Comentei no texto abaixo sobre a desatenção que está ocorrendo na campanha de Fernando Haddad. Pois na tarde desta terça-feira apareceu outra demonstração de grave descuido, quando o candidato Fernando Haddad acusou de ser torturador o general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL). Haddad fez a acusação duas vezes em sabatina dos jornais "O Globo", "Valor Econômico", "Extra" e da revista "Época", tendo dito a mesma coisa antes de entrar para a sabatina. Como todos já devem estar sabendo, é claro que a acusação é falsa, pela simples razão de que Mourão tinha apenas 16 anos em 1969, ano em que teria ocorrido a tortura, conforme o relato do cantor Geraldo Azevedo em um show na Bahia no último fim de semana. Azevedo já divulgou nota se desculpando pelo “equívoco”.
O erro do candidato do PT é estranho porque não resiste a uma simples conta de matemática, além de que espera-se que uma acusação grave seja devidamente conferida antes de ser feita, com o uso inclusive da tal continha, que pode ser feita de cabeça. Haddad chegou com esta informação na sabatina. Não é uma fala de improviso. Sendo verdadeira, seria uma bomba. Por isso é muito estranho que isso não tenha sido checado ou que pelo menos ele fizesse a conta simples.
Uma pessoa de mais de 50 anos que tenha bom senso não comete o erro de comprometer alguém pessoalmente por alguma ação durante a ditadura militar. Haddad tem 55 anos. Bastaria que ele apelasse para a lembrança da própria experiência pessoal. E uma questão de cronologia muito simples para um professor da USP. Mas se houver problema de memória, tem a conta simples que começa com os 33 anos de distância do final da ditadura para cá, acrescentado-se os 18 necessários para alguém começar a servir o exército. Jair Bolsonaro, por exemplo, diz que ajudou na caçada a Carlos Lamarca no vale do Ribeira. Bem, só podia fazer isso como moleque dedo-duro, pois era muito novo nquela época.
A falsa acusação feita por Haddad pegou muito mal. O candidato produz informação falsa exatamente na hora em que a campanha petista procura vitimizá-lo como vítima de ataque das chamadas “fake news”. O petista mandou ver uma fake news ao vivo. Ainda não se desculpou e é provável que não o faça. Lançou a culpa do "equívoco"sobre o cantor. É isso que dá ficar envolvido demais no papel moralmente superior que inventaram como propaganda política para tentar virar esta eleição, que eles pretendem estabelecer como um plebiscito entre promotores de um ditadura política e eles, sempre lutando do lado do bem.
É uma fraude risível. Neste enredo, o PT é apenas vítima de forças destruidoras da democracia movidas por uma conspiração contra tudo de bom que foi feito pelo PT no passado. Foi para debaixo do tapete o instinto quadrilheiro que em quatro governos destruiu nossa economia e envolveu o Brasil no maior roubo aos cofres públicos de sua história. Pelo jeito forçaram na motivação para esta lorota redentora que exige encenação de bravura. Apontaram então como torturador alguém com a idade errada.
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POR José Pires
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