Tem tanta coisa encoberta no Governo Federal, com organismos que geram custos sem servirem para nada, que de vez em quando ficamos sabendo da existência de uns deles que parecem saídos de alguma fábula ou de uma dessas histórias de realismo mágico, do tempo do boom da literatura latino-americana. Claro que isso nada tem a ver com o encantamento da obra de um García Márquez, mas do mesmo modo o enredo é fora da realidade.
No Brasil gasta-se o que não se tem em ideias e projetos que não passam de ficção. Estão aí o tempo todo, sem que o brasileiro se aperceba da sua impalpável existência. É o caso do tal do trem-bala, de Dilma Rousseff, que serviu para o PT ganhar votos na sua primeira eleição. Tudo parecia algo apenas de propaganda eleitoral, mas não é que foi montada até uma estatal com aquilo? E não ficou barato.
O projeto vinha do governo Lula, foi usado por Dilma para engabelar eleitores e depois, no governo dela, foi criada a estatal. Prometiam entregar antes das Olimpíadas de 2016 o primeiro trecho da ferrovia ligando Rio a São Paulo. No entanto, não apareceram investidores privados, nacionais ou estrangeiros, dispostos a tocar o projeto. Quem é fã do Paulo Guedes que pense nisso quando ele aparecer com suas considerações de que basta abrir para a iniciativa privada que o dinheiro entra. No Brasil, as genialidades do liberalismo costumam se pagas depois pelo Estado.
Podia-se pensar que o trem-bala de Dilma era coisa do passado. Mas essa falseta esteve aí o tempo todo, com estatal e tudo, com o custo da ficção saindo dos bolsos dos brasileiros. Desde aquela época existe uma estatal chamada EPL, sigla de um nome pomposo: Empresa de Planejamento e Logística. Não se faz nada neste troço e para isso precisam de uma porção de funcionários: são 143 cargos, a um custo anual de R$ 70 milhões.
Bolsonaro foi eleito para acabar com essas coisas e até tinha prometido extinguir esta empresa, entre outras ricas inutilidades. Mas já recuou. Seu governo vai embarcar no sonho do trem-bala. O Estadão informa que estão contratando mais pessoal, com sete pessoas entrando este mês. Como se vê, o realismo mágico vai continuar.
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POR José Pires
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