sexta-feira, 3 de maio de 2019

Bolsonaro e seu sonho retroativo de ser militar

Jair Bolsonaro é um sujeito tão papudo, que costuma falar certas coisas da maior responsabilidade, se colocando em um papel que não se sustenta pela sua própria história. Em cerimônia no Itamaraty, nesta sexta-feira, ele disse a diplomatas: “Quando os senhores falham, entramos nós, das Forças Armadas. E, confesso, que torcemos, e muito, para não entrarmos em campo”.

Bolsonaro forçou a barra com esse “nós, das Forças Armadas”. O presidente da República é quem manda nas Forças Armadas, porém este papel constitucional não faz dele um componente militar. Sobre isso, aliás, o general Ernesto Geisel já foi muito claro: “Bolsonaro é um mau militar”. O ex-presidente do penúltimo governo do ciclo da ditadura militar falou isso em uma entrevista, lembrando o tempo em que Bolsonaro, já como deputado federal, atiçava as casernas para que os militares dessem outro golpe, retornando ao poder.

A verdade é que Bolsonaro saiu corrido do Exército Brasileiro. Respondeu a um inquérito por insubordinação e chegou a ficar preso 15 dias. Foi em 1988 o julgamento que pôs fim a sua carreira militar. Foi absolvido no STM, mas ficou claro que o processo podia voltar a ser apreciado. Foi praticamente uma ordem para que ele pedisse pra sair.

Quem abandonaria uma carreira militar no posto de capitão, saindo do Exército para ser vereador no Rio de Janeiro? Foi o que Bolsonaro fez. Das duas, uma: ou não tinha muito apreço pela carreira militar ou foi obrigado a sair. Portanto, “nós, da Forças Armadas”, uma pinóia. Bolsonaro está mais para paisano, além de já ter demonstrado que o conceito que Geisel tinha dele como militar serve também para definir sua qualidade como civil.
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POR José Pires

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