quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Augusto Aras, o procurador-geral de Bolsonaro pede a benção para o PP

Nos entendimentos para ser o novo procurador-geral da República, Augusto Aras teve um jantar nesta terça-feira na casa de Ciro Nogueira, senador da cúpula do PP. Durante o rega-bofe, Aras voltou a dizer que é contra “excessos” da Lava Jato. Foi o senador Vanderlan Cardoso, do PP de Goiás, que contou para o site O Antagonista. O pepista aprovou Aras. “Gostei muito dele, deu respostas firmes, se mostrou conhecedor”, ele disse.

Não há dúvida de que Augusto Aras pode contar com os votos dos cinco senadores do PP, partido que tem o falecido José Janene e Paulo Maluf como símbolos. Pode-se dizer que as necessidades do indicado à PGR se ajustam às da cúpula do PP. Do Oiapoque ao Chuí, o partido de Ciro Nogueira vive encrencado em denúncias de corrupção. De fato é um caso de “excesso”, mas de roubalheira. É o partido com maior número de investigados na Lava Jato e teve também sua cúpula envolvida no mensalão, com várias condenações.

O próprio Ciro Nogueira é réu no STF pelo chamado “quadrilhão do PP”, esquema que captou pelo menos R$ 377 milhões de empresários beneficiados por contratos da Petrobras. A abertura do processo criminal pela Segunda Turma do STF teve o voto favorável do ministro Edson Fachin, acompanhado de Celso de Mello e Cármen Lúcia. É claro que Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski foram contrários. Nogueira é presidente do PP, partido que, por sinal, teve o deputado Ricardo Barros como relator da lei de abuso de autoridade, feita para emparedar a Lava Jato.

O prejuízo da Petrobras com o superfaturamento do “quadrilhão do PP” é calculado em R$ 5,5 bilhões. Ciro Nogueira é também do lobby da legalização dos jogos de azar, que entre outras jogatinas libera a abertura de cassinos no Brasil. Ele teve um projeto nesse sentido recusado no Senado, mas vive fazendo pressão junto ao governo.

Em abril, Nogueira teve seu apartamento funcional e o gabinete alvos de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal. A investigação do “quadrilhão do PP” está em andamento, do mesmo modo que segue firme a articulação contrária à punição de corruptos. A Procuradoria-geral da República é essencial nesta disputa. A animação do PP com o nome indicado por Jair Bolsonaro serve como referência da desvantagem dos cidadãos de bem nesta luta.
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POR José Pires


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Imagem- O senador Ciro Nogueira fala em reunião da executiva do PP, tendo à esquerda
o deputado Ricardo Barros, relator da lei do abuso de autoridade e sentado ao seu
lado Francisco Dornelles, atual governador do Rio de Janeiro, que tomou posse com a
prisão do governador Luiz Fernando Pezão.
Foto de Antonio Cruz, Agência Brasil

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