quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Quem te viu e quem te vê, Chico Buarque

Chico Buarque é uma das figuras mais enganosas da esquerda brasileira, não só por seu papel lamentável no apoio incondicional a Lula, inclusive participando dos esquemas partidários do chefão do PT, nas campanhas em que o próprio condenado por corrupção se elegeu presidente, como também nas suas manipulações para exercer o domínio personalista sobre o partido e manter-se em destaque na cena política. É uma barra pesada o que esse pessoal anda fazendo com o nosso país, mas Chico fez coisas até muito piores que isso.

Nos anos 70 e 80, o compositor teve uma participação intensiva de apoio à ditadura de Fidel Castro. Não era apenas uma questão de opinião. Chico atuava diretamente como se fosse da diplomacia da ditadura, convencendo colegas brasileiros a participarem de shows e eventos culturais em Cuba, criando uma relação benéfica ao regime comunista cubano e com isso determinando pautas favoráveis na mídia brasileira, além evidentemente de fortalecer o castrismo na própria ilha.

O trabalho político de Chico servia também para evitar entre a esquerda brasileira a discussão sobre questões dramáticas que ocorriam em Cuba, como a falta de liberdade de expressão e o desrespeito aos direitos humanos, com a prisão de opositores, a tortura e a morte nas mãos das forças de segurança do Estado ou pelo sistema judiciário em que Castro sempre fez o que quis.

Em paralelo com as jogadas promocionais organizadas por Chico, a ditadura cubana vivia momentos de alta repressão, tendo havido nessa época até a morte de antigos companheiros de revolução de Fidel Castro, com prisões, torturas e fuzilamentos ocorridos em meio a uma luta interna pelo poder.

No Brasil, Chico servia como intermediário do esquema político de Fidel Castro, que ia além dos limites da ilha onde exercia seu domínio com mão de ferro, se estendendo a vários países latino-americanos com o financiamento de partidos e grupos políticos e também de movimentos armados. Uma história que mostra a interferência política direta de Chico foi quando acompanhado por alguém da embaixada da Nicarágua ele procurou o poeta Carlos Drummond de Andrade no meio da noite. A história é dos anos 80.

Os dois queriam falar de uma crônica publicada por Drummond no Jornal do Brasil sobre o fechamento do jornal La Prensa pelo governo sandinista. Exigiam que Drummond reconsiderasse as críticas feitas ao regime autoritário que começava a ser instalado na Nicarágua. Drummond contou que disse a Chico e ao funcionário do governo nicaragüense que só publicava algo quando estava bem fundamentado. E botou os dois para fora de sua casa.

Hoje em dia está absolutamente comprovado que era Drummond quem estava certo. Chico defendia Daniel Ortega, que está provado atualmente que além de gatuno é um sujeito bastante cruel. Centenas de opositores já foram mortos nos últimos meses na mesma Nicarágua, sobre a qual Chico atualmente não diz nenhuma palavra. Do mesmo modo, o compositor não deixa claro sua opinião sobre o que aconteceu com Cuba, até hoje um país sem liberdade e totalmente arrasado por um governo incompetente.

Cubanos que foram parceiros de Chico da época em que ele fazia a ponte aérea promocional do regime comunista entre Brasil e Cuba fazem críticas na atualidade sobre a falta de abertura democrática em seu país. Pablo Milánez, grande cantor cubano que já fez shows com o compositor brasileiro, dá entrevistas criticando a falta do cumprimento de Raúl Castro da promessa de abrir politicamente a ilha. O cubano Milánez aponta a necessidade da democracia, cobra rapidez na abertura. Já o Chico nem quer ouvir falar do assunto. Se alguém for questioná-lo é capaz dele ficar indignado, como faz sempre que é confrontado com suas responsabilidades.

Todos sabem como ele se faz de ofendido quando é cobrado politicamente. E logo ele, que se mete em tudo. No entanto, Chico Buarque deve explicações não só sobre suas posições atuais como também pelo seu papel de propagandista de uma ditadura terrivelmente brutal. Quando serviu de garoto-propaganda de Cuba nos anos 70 e 80, Chico usou seu prestígio para abafar discussões importantes na esquerda brasileira sobre a democracia e a liberdade de expressão.

Foi uma das lideranças que atuavam para evitar críticas ao legado histórico do totalitarismo e sua influência negativa nas lutas pela democracia na América Latina. Com esta estratégia, muita gente foi enganada durante todos os anos 70 e parte dos 80, deixando de saber o que de fato acontecia em Cuba e a influência negativa do autoritarismo esquerdista na atividade política em nosso país.

Bem, tudo isso que eu disse vem de fatos muito bem comprovados e Chico tem, sim senhor, que dar respostas sobre o que é de sua responsabilidade histórica, até porque se aquilo pelo que lutou desse certo, hoje em dia nossa situação poderia ser pior até do que a Venezuela.

Mas fica muito difícil levar esse debate necessário, exigindo compromissos democráticos dessa gente, quando entra em cena Jair Bolsonaro com sua truculência idiota, criando complicações em uma situação que é meramente de praxe, como no caso da sua assinatura como presidente da República no Prêmio Camões.

Bolsonaro abre a possibilidade de Chico se vitimizar e com ele toda a esquerda, como se todos fossem figuras inocentes que desejam apenas o bem da humanidade. E o pior é que este mimimi fraudulento não fica por aqui. Vai sendo repercutido no exterior, inclusive com declarações do compositor, que é claro que para falar sobre isso não se sente oprimido.

É para isso que serve Bolsonaro e esta direita de baixa qualidade mental, incompetente até em seus próprios objetivos. Torna vítima aos olhos do mundo uma esquerda que tinha mais é que dar explicações pelos males que só não causaram a nossa total desgraça porque os brasileiros reagiram antes do plano deles dar certo.
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POR José Pires

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