segunda-feira, 27 de abril de 2020

O Brasil sem comando nacional na luta contra o coronavírus

O Libération publica matéria sobre o plano de desconfinamento na França, chamado pelo jornal de “Plano D”. Nesta terça-feira o governo francês vai apresentar no parlamento do país as medidas para relaxar a política sanitária de restrição, que devem começar a ser aplicadas gradativamente a partir de 11 de maio. Em busca do Plano D, diz a manchete sobre o plano governamental.

Toda a França está em confinamento desde o dia 17 de março. Nas últimas 24 horas houve o registro de 242 novos óbitos devido à Covid-19. O total até agora é de 22.856 mortes, com uma queda progressiva em mortes e número de pacientes. Os indicativos são de um achatamento da curva de contaminação e mortes, após um esforço nacional comandado pelo governo francês.

Enquanto isso, por aqui, no Brasil, o esforço geral é pelo convencimento de um presidente negacionista e atrapalhado até em questões básicas de administração pública para que ele compreenda a necessidade de fazer seu governo ser mais efetivo nas ações para conter a propagação do vírus mortal.

O Brasil registra mais de 4 mil mortes, com o sistema hospitalar de grandes capitais próximo do esgotamento, convivendo em algumas cidades com cenas de sepultamento coletivo em fossas comuns para vítimas do vírus. Manaus bate o recorde de enterros: 140 em 24 horas. Antes da pandemia era de 30 por dia.

A tragédia nacional se desenrola, com todo o país ameaçado pela contaminação e as mortes, no entanto vai-se relaxando o confinamento em muitos municípios brasileiros, com a abertura do comércio e a volta ao trabalho ocorrendo sem planejamento e controle. Tudo isso estimulado por Jair Bolsonaro, um negacionista quinta-coluna que sabota o empenho dos brasileiros.

Mesmo diante do sofrimento da população com as mortes e internações, o presidente ainda faz piada com o coronavírus, que para ele continua sendo uma “gripezinha”. Desonestamente, ele ainda procura colocar a opinião pública contra dirigentes públicos que com seu trabalho contribuíram para que situação não ficasse pior do que já está, com os governistas usando para esta difamação inclusive esquemas de criação de fakes news.

A ação do vírus ainda exige cuidadosa atenção do governo em países com muito mais recursos que o Brasil e também muito mais experiência no enfrentamento coletivo de ameaças à população, como é o caso da França, que somente depois de quase dois meses de confinamento colocará em prática seu “Plano D”, mas com tudo pronto para reverter ao confinamento. Enquanto isso, por aqui o governo Bolsonaro não tem nem um “Plano A”.
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POR‌ ‌José‌ ‌Pires‌

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