quinta-feira, 21 de maio de 2020

O dramalhão de Regina Duarte e os rombos bolsonaristas na cultura brasileira

Que triste carreira Regina Duarte vem fazendo no governo de Jair Bolsonaro. Como é que uma artista pode jogar no lixo desse jeito décadas de construção de um prestígio que fez dela uma das personalidades mais marcantes da história da televisão brasileira?

Regina ficou apenas 78 dias na Secretaria da Cultura, nos quais não conseguiu nem formar uma equipe. Entrou com a promessa de carta branca e saiu com um bilhete azul disfarçado de transferência para outro cargo. Foi despachada pelo presidente para a Cinemateca Brasileira, onde eu já disse que dificilmente poderia durar muito tempo.

Pois até para assumir o cargo enfrentará dificuldades jurídicas, criadas pela falta de efetividade desse governo em qualquer área. Mas tem mais. Com o anúncio da transferência da atriz a imprensa foi atrás do assunto e descobriu problemas graves na Cinemateca, que está abandonada pelo governo. A instituição que existe para cuidar da memória do cinema brasileiro está próxima da falência.

Seus custos de manutenção são de quase R$ 13 milhões por ano e o governo Bolsonaro descumpre o compromisso financeiro. Em 2019 foram repassados pelo governo apenas R$ 7 milhões. Nenhum real foi pago este ano, o que obrigou a Fundação Roquette Pinto a colocar R$ 10 milhões de seu próprio orçamento para evitar o colapso.

Cabe lembrar que a instituição que deve zelar por uma memória essencial para a cultura brasileira sofreu um grave incêndio em 2018. Também dá para imaginar a dificuldade que a instituição vem tendo no atendimento ao público e as dificuldades na preservação do patrimônio nacional.

Essas coisas só aparecem quando um assunto atrai a atenção da imprensa. Deve ter muitos mais desastres desse tipo, mantidos escondidos nesses quase dois anos de Bolsonaro no poder, prontos para serem detonados causando prejuízos ao país. Está aí uma caixa preta que vai dar o que falar depois que o Brasil conseguir se livrar desse traste político.
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POR‌ ‌José‌ ‌Pires‌

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